Trabalho
de Português – Carta de Ega a Cohen
Bons dias,
Espero que, nesta tarde de verão, o senhor e
a sua mulher estejam descontraidamente sentados nas suas cadeiras de jardim,
nas traseiras da vossa moradia em Londres, e aproveitem, talvez, os últimos raios
de sol do dia, e que estes lhe consigam aquecer o gélido e pérfido coração.
Desejo que guarde bem a sua judia, pois nem os
mais terríveis filisteus a aceitariam nos seus templos, visto que a malvadez e
perversidade dela excedem até as dos que mataram Cristo. A beleza e sedução
encobrem, inicialmente, a sua verdadeira essência, até que lhe convenha. Quando
tiver obtido o seu objetivo, o animal descama a sua preciosa pele e mostra ao
mundo quem realmente é: uma verdadeira cobra, tão vil e odiosa quanto o réptil.
Mantenha-a debaixo da sua
mão, bem segura, embora ela seja demasiado cobarde para alguma vez sair dos
seus braços, mesmo sendo à força que a prende. Este facto demonstra, também, a
sua falta de romantismo, senhor Cohen, visto que a única maneira que tem para
conquistar uma mulher é pelo punho, enquanto eu, um aparente fracasso
filosófico, consegui aliciar a sua tão amada senhora com as minhas capacidades
intelectuais e romanescas. Deveria sentir, também, um grande embaraço por este
ardente romance ter perdurado durante tantos meses debaixo do seu próprio teto,
nos cantos e esquinas da sua própria habitação, sem nunca ter tido a
perspicácia de se aperceber do caso.
Com isto, despeço-me e desejo que o senhor e
a sua mulher continuem juntos para a eternidade, duas almas penadas a arder no
inferno, unidos pelos vossos defeitos e permanecendo acorrentados à vossa
ignorância, pagando pelos males que fizeram durante a vida.
Cumprimentos,
João da Ega
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