sexta-feira, 27 de maio de 2016

Aconselha-se a Leitura do Romance " Os Maias ", de Eça de Queirós




Lisboa, 20 de maio de 2016
Cara amiga Carolina Madeira
Olá, Carolina, há quanto tempo!
Não consegui responder-te por mensagem, pois perdi o teu número de telemóvel, pelo que irei responder-te através desta carta, visto ainda ter a tua morada apontada no meu caderninho do nono ano.
Respondendo à tua pergunta sobre o que achei do romance “Os Maias”, digo-te que te vais surpreender. Sendo que és um ano mais nova que eu, compreendo perfeitamente a tua curiosidade, pois eu também a tinha, quando estava no décimo ano.
Quando me disseram que tinha de ler essa obra, eu não me assustei, até ver o tamanho dela. Pensei que me fosse aborrecer e entediar, por isso fiz como tu e perguntei a opinião de quem já a tinha lido e acreditas que me disseram que não ia gostar? Disseram-me que era muito grande, muito cansativa, muito monótona, etc. Claro que os gostos dependem de cada pessoa em particular, mas não vejo o que possa aborrecer tanto as pessoas nesta obra tão rica em cultura e em História, a nossa História. Não te digo isto para que eu te pareça uma pessoa extremamente culta, que adora ler, ou para que penses que o romance é fácil de interpretar porque não o é, é uma história complexa, mas apaixonante. Sou suspeita a falar, pois sabes que adoro histórias de amor, mas esta obra é mais do que uma simples história romântica.
Quando estiveres a ler o livro do grande Eça de Queirós, vais estar literalmente a viver aquele tempo, aqueles cenários, aquelas paisagens, todas aquelas vestes maravilhosas com folhos e adornos que fazem das mulheres autênticas princesas e dos homens cavaleiros encantados, retirados de contos de fadas. Cada palavra que o escritor acrescenta a cada frase, cada adjetivo, cada pormenor faz com que a imagem que tens do que estás a ler seja tão nítida e tão vívida que parece realidade. É um retrato da alta sociedade portuguesa com tudo o que ela tem de bom como: os luxos, as vantagens, as facilidades, as festas, os romances proibidos, as casas glamorosas altamente decoradas, as riquezas dos fatos e dos objetos. Contudo, mostra também o que a sociedade tem de mau, como as futilidades, o gosto pelas aparências, as falsidades a que as pessoas recorrem para serem bem vistas, as traições, o adultério e tantos outros aspetos. É um retrato verdadeiro, que não quer apenas mostrar o mundo fantástico e romântico daquele tempo, mas a realidade. E o mais interessante nisto tudo é que, apesar de começares a ler a obra com um certo distanciamento, à medida que lês apercebes-te que muitos dos problemas da época permanecem na atual sociedade portuguesa e começas a identificar-te.
Para além de toda esta carga cultural, tens a maravilhosa paixão entre duas pessoas. Esta história desenvolve-se em volta de uma família de homens, “Os Maias”, que habitam numa casa apalaçada (exatamente como tu gostas): “O Ramalhete”. A personagem principal, Carlos da Maia, é um médico elegante, inteligente, motivado pela energia da idade, que se vem a envolver num romance proibido. Será que ela é casada? Será que ela é mais nova que ele? Será que os pais não o permitem? Ela é uma mulher linda, culta, bem-educada, bem arranjada, elegante… e mais não digo!
Eu também estava desconfiada e achei que não ia gostar, mas foi uma ótima experiência e, conhecendo-te como te conheço, e acho que não deves ter mudado muito, penso, verdadeiramente, que vais gostar e aconselho-te a lê-la.
Boa leitura e um grande beijinho
Mariana Marmelo, 11º C1







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