quarta-feira, 19 de abril de 2017

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada



 Carta de Recomendação sobre o guião da peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, desenvolvida por J. K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne.

  A criança amaldiçoada, uma história canónica que se passa dentro do mesmo universo das outras sete obras de Harry Potter (incluindo Os Contos de Beedle o Bardo, Monstros Fantásticos e onde encontrá-los, entre outros também escritos por J. K. Rowling), é o roteiro de ensaio da peça (edição especial e única) de teatro com o mesmo nome.
   Lançada, oficialmente, a 31 de julho de 2016, na Inglaterra e Estados Unidos, e, em 24 de setembro do mesmo ano, pela Editorial Presença, na versão portuguesa, e traduzido por Marta Fernando e Helena Sobral, a história promete mostrar o que aconteceu a Harry e aos seus amigos Rony e Hermione, 19 anos depois dos eventos de Harry Potter e as Relíquias da Morte (último livro da saga inicialmente composta pelos sete livros). No entanto, como a história se passa num período maior do que um ano, esta indicação de “19 anos” aumenta ao longo dos Atos.
  A peça está dividida em duas partes, tendo dois atos na primeira e quatro na segunda, distribuídos por  352 páginas.
  A história tem como protagonista Albus Severus Potter, segundo dos três filhos de Harry e Gina Potter (sendo James o primeiro filho e LiLy-Luna Potter a terceira filha).
  Albus carrega nas costas, e no nome, o legado que ele nunca quis suportar: o de ser filho de um dos bruxos mais famosos e poderosos da atualidade. Depois da batalha de Hogwarts (em Relíquias da Morte), a fama dos Potter (incluindo Harry, porque este assume, agora, um alto cargo no Ministério da Magia) só veio a aumentar.
  Por causa de Albus não se encaixar na sua família, ele e o seu pai não possuem um bom relacionamento. As incertezas de Albus começam a chamar a atenção em Hogwarts logo no seu primeiro dia, quando o Chapéu Seletor o nomeia para membro dos Slytherins, o que o deixa bastante incomodado, já que os seus irmãos, pais, primos e tios foram e são membros dos Grynffindors. Além disso, Albus torna-se, inevitavelmente, amigo de Scorpius, filho de Draco Malfoy, mas com a fama de ser filho de Voldemort. Embora seja um Malfoy, Scorpius é extrovertido e corajoso, ao contrária de seu pai, o que o torna bastante interessante e inesperado, dando relevo ao enredo.
  Sendo vítimas de chacota por parte dos restantes bruxos adolescentes, Albus e Scorpius acabam por mergulhar, literalmente, numa inesperada aventura e corrigir os erros do mal, onde o passado e o futuro se misturam para ditar o futuro e onde as trevas ameaçam voltar e assombrar o mundo. Mas, desta vez, o mal pode ressurgir nos mais inesperados lugares, pondo à prova os mais importantes laços de amizade, família e amor.
  Será Albus capaz de enfrentar aquele que é o seu maior desafio? Será ele capaz de carregar o legado dos Potter?

 Tal como os outros livros de J. K. Rowling, esta é uma ótima narrativa, essencial para qualquer adolescente e fã do universo Potter, pois retrata os mais inesperados conflitos e crises existenciais da adolescência, capazes de pôr à prova todo o equilíbrio familiar.  
Tendo como foco a família, trata-se, portanto, de obra familiar.

Filipe Abreu, 11º A1



terça-feira, 18 de abril de 2017

Carta de Carlos a Maria Eduarda

Carta de despedida de Carlos a Maria Eduarda

Minha querida

         Tenho algo de definitivamente trágico para te dizer.
      Eu e o meu amigo Ega abrimos a caixa da tua mãe e, no seu interior, encontrámos uma carta dirigida a ti. Essa carta revela que Maria Monforte não só é tua mãe como também minha… Não sei por onde começar, de modo a que possa descrever-te o que sinto… Sinto uma tristeza profunda por não te poder amar e pela desilusão que causei ao meu avô, sabendo eu o quanto ele se orgulhava de mim por ser diferente de meu pai e o quanto ele se esforçou para que assim fosse e, no entanto, aqui estamos nós, sucumbidos ao fracasso. Nunca me ocorreria a ideia de sermos quem somos e de estarmos predestinados a cair na tragédia em que se tornou o nosso amor! Saber que estive contigo mesmo depois de já saber que era teu irmão e não imaginas, a repugnância que agora sinto de mim mesmo. 
        Ficarmos juntos está fora de questão. Peço-te, assim, desculpa por ser o Ega a revelar-te a verdade e não eu, mas, neste momento, faltam-me a coragem e as forças para te enfrentar. Parte para Paris e não olhes para trás. Espero que a felicidade te bata à porta novamente… E assim me despeço de ti, relembrando-me de tudo o que passámos e do quanto fomos felizes.


Nunca me esquecerei de ti…
Carlos da Maia





Rita Gameiro,  11º C1,  nº 22

Carta de Pedro a Afonso da Maia

Carta de despedida de Pedro da Maia


Querido pai


Nunca pensei vir a escrever uma carta para si com este teor, muito menos voltar a cair neste estado de depressão. Pensei e imaginei, iludindo-me por completo, que nada me pudesse magoar tanto como a morte da mamã, mas estava enganado. Não sei como lidar com esta dor, por isso talvez a minha decisão seja a melhor saída.
Desde o momento em que vi Maria pela primeira vez que tudo mudou, fiquei fascinado com a sua beleza. Tudo começou quando passei a frequentar bares. Eu queria ultrapassar a morte da mãe e uma das melhores formas era distrair-me, inebriando-me e afogando em álcool o meu sofrimento. Estava com o Alencar, num desses momentos de boémia, quando a vi passar, e confesso-te que fiquei logo fascinado … Por "Negreira " a tratavam , mas ela de negra não tinha nada! Pelo contrário, aquele tom de pele claro como a neve, aqueles olhos que pareciam reluzir toda a luz do céu e aquele cabelo cor de oiro deixaram-me boquiaberto! Na verdade, eu nunca tinha visto tal beleza e nunca antes nenhuma mulher me perturbara como ela. A verdade é que nunca aceitaste a mulher que eu realmente amava e, agora, sim, percebo porquê. Deixei-me levar pelo meu sentimento , pensando que nada de mal iria perturbar a relação com a mulher por quem me apaixonei à primeira vista. Agora que caí em mim, arrependo-me muito de não vos ter ouvido, mas, por outro lado, fiz com que viessem ao mundo dois herdeiros seus, que são sangue do meu sangue . São eles a minha querida Maria Eduarda, que Deus sabe onde estará, entregue nos braços de uma mão leviana, e o meu jovem Carlos, que, pelo que parece, é mais parecido com o avô do que com o próprio pai.
Perante esta tragédia que se abate sobre mim, não percebo onde é que errei. Enfim, talvez eu não fosse homem o suficiente para a Maria Monforte e talvez o Tancredo a possa fazer realmente feliz... Contudo duvido, já que ela veio a revelar-se uma doidivanas que apenas quer ir por esse mundo fora, em busca de aventuras, não se preocupando com os filhos.
 Não sei o que fazer, só sei que a amava do fundo do coração. Não me sentindo com forças para enfrentar o meu desgosto, peço desculpa por não me despedir, mas é melhor eu partir assim, sem choros, sem sofrimento. Só te peço, pai, que cuides do meu Carlos e que o faças o Homem com aquele H  grande, que sempre quiseste que eu fosse.

Encontrar-nos-emos no céu. Por agora, eu vou fazer companhia à minha querida e santa mãe.

O teu filho que te ama muito

Pedro.







Rafaela Martins, nº 21, 11º C1

Desabafos de Carlos Eduardo

Caderno Pessoal

CARLOS EDUARDO DA MAIA

Lisboa, 17 de novembro de 1875
                Caro Diário

                        Escrevo-te à luz trémula de uma vela, a uma hora alta da madrugada. O dia de hoje pareceu-me ter durado toda uma vida, de tão extenso e exaustivo que foi. Tal como todos os outros dias da minha vida, teve os seus altos e baixos. Contudo, foram os altos que me deixaram voar sobre os homens, como uma ave livre e majestosa, e foram os baixos que me deixaram contactar com as profundezas mais obscuras do Inferno.
                        Por onde começar? Talvez a ordem cronológica fosse a mais indicada para esta narração. Bem, de manhã, enquanto pensava nela, vieram ter comigo o Vilaça e o avô, que me deram notícias e convites aos quais não prestei atenção. Acho que os Gouvarinhos me convidaram para um jantar na casa deles… De qualquer modo, não sei se irei. A condessa não me deixa em paz. Depois, chegou o João, com as suas ideias loucas. Queria uma espada para levar à soirée dos Cohens. Enfim, lá tive de lhe conceder o favor. Afinal, para que servem os amigos?
                        Então, antes que eu pudesse sair, apareceu o Dâmaso, num verdadeiro estado de pânico. Ver aquela figura gorda e esbaforida, em pânico, a esbracejar, chamando-me, abriu-me um pequeno sorriso na cara. Ele precisava de ajuda. Bem, não era ele. Era a filha dos Castro Gomes. Era a filha dela, a menina Rosa. Partimos para o Hotel Central, com o Dâmaso a falar dos assuntos dele e comigo a fingir que prestava atenção. Ela era mais importante. Estaria ela lá? Não, segundo o que me disse o Dâmaso. Todavia, valia a pena fazer a visita, pois podia ficar a conhecê-la um pouco melhor.
                        Quando lá chegámos, fomos cumprimentados por Miss Sara, muito simpática mas nervosa com Rosicler. Ainda antes de tratar da menina doente, reparei no quarto dela. Acho que nunca me senti tão… apaixonado? Será esta a expressão certa? Talvez apenas quando a vi pela primeira vez me tenha sentido melhor. É um sentimento estranho, de familiaridade incógnita, como se me parecesse conhecê-la, apesar de nunca ter falado com ela. Ela é tão perfeita que o seu casaco se ajusta às suas formas como uma luva de seda numa delicada mão. É este o sentimento que tenho por ela? Como é que esta mulher me pôde enfeitiçar, me pôde deixar neste estado romântico tão debilitante e assustador? Sinto que não consigo desviar o pensamento dela, sinto que a vejo em todas as pessoas que cruzam a esquina, que saem das tipoias, que entram nas lojas… Enfim! Sinto-me receoso… Se eu não a conhecer… Como é que irei ultrapassar essa dor? Sinto-me estranho, diferente… Não me sinto como sendo eu mesmo!
                      Depois de ter tratado Rosicler, que se mostrou uma menina muito simpática e engraçada, com uns olhos azuis muito diferentes dos do Castro Gomes e dos dela…, voltei para casa com o Dâmaso, que me deu a melhor notícia do dia: o brasileiro ia voltar para a sua pátria, e ia deixá-la com a filha e as criadas. Oh, que bela oportunidade! Qual seria a melhor altura para a conhecer?
                        Despedi-me do Dâmaso e vim para casa. Afinal, hoje era a soirée dos Cohens e tinha de ir vestido a rigor. Decidi disfarçar-me de dominó, um clássico intemporal. Quando estava a sair, eis que vejo a figura mais triste e cómica dos últimos tempos: Mister João da Ega, disfarçado de Satanás, ou Mefistófeles, com vestimenta vermelha e com uma cara ainda mais vermelha e triste devido ao choro.
                        O Ega chorava porque tinha sido humilhado na casa dos Cohens. Afinal, o Cohen descobriu que ele e a sua mulher, Raquel, tinham uma relação amorosa, e expulsou-o à bengalada. Ele estava completamente desolado e, ora se dava por derrotado e destruído, ora jurava morte ao Cohen por tê-lo humilhado. O certo é que a reputação dele foi arrasada com este incidente. Fomos cear a casa do Craft, pois de certeza que ele tinha bons conselhos a dar. Ele disse-nos que devíamos esperar e ver o que o Cohen fazia: quem tinha cometido o erro era o João e não o marido traído. Depois da ceia, ficou claro que o João tinha bebido um pouco de vinho a mais, pelo que o deixei em casa do Craft em vez de o trazer para a Vila Balzac. Acho que ele também não iria gostar de voltar para casa – a casa dos Cohens era em caminho e o comportamento daquele diabo bêbedo era imprevisível.
                        Por isso, vim sozinho para o Ramalhete e aqui me encontro, diante de ti, a relatar-te tudo o que aconteceu hoje. Acho que o dia de amanhã me reserva mais trabalhos e surpresas – tenho de ir buscar o Ega a casa do Craft, para ver se descobrimos o que o Cohen quer e para ver, afinal, o que aconteceu. Pode ser que ele se torne racional depois da tristeza e do álcool. Agora, acho que me vou recolher à cama. Começo a pensar nela outra vez. Vou sonhar com ela hoje, certamente.





Carlos da Maia

Pedro Silva, 11º C1

Desabafos de Dâmaso Salcede




Querido diário

Sei que ultimamente não tenho desabafado muito contigo, mas hoje é um daqueles dias que preciso de ti, preciso de falar contigo sobre aquele cretino, o Carlos! Sim, é esse mesmo em quem estás a pensar, aquele que ficou com a mais bela mulher, a mulher dos meus sonhos, a Maria Eduarda.
 Sinceramente, não sei o que ela vê nele, pois ele não tem nada que eu não tenha, só se for porque estudou medicina, mas até parece que esse curso tem algum reconhecimento! Esse curso qualquer um é capaz de tirar e também eu o conseguiria.  Ainda se fosse direito, poderia ele orgulhar-se, agora o de medicina, para lidar com sangrias e emplastros, não é nada que o honre. 
 Não suporto o Carlos. Sabes bem, querido diário, que ele está a tornar-se intolerável para mim, que sou bem melhor do que ele. Qualquer dia isso vai ser público e vou ocupar um cargo mais preponderante na sociedade do que ele e sabes porquê? Porque eu sou “chique a valer” e ninguém me supera. Foi por isto que encomendei um artigo no “ Corneta do Diabo” , sim, aquele jornal que faz soar os escândalos! Sabes tão bem como eu que Carlos e Maria Eduarda não devem ficar juntos. Neste momento, deves estar a perguntar-te se eu, realmente, estava embriagado quando paguei o artigo no jornal … É claro que não! Estava sóbrio e bem sóbrio, mas só tu e o Eusebiozinho sabem disto.
Vais ver que, um dia, ainda a Maria Eduarda vai ser minha. Agora tenho de me despedir, mas prometo que volto para te contar as próximas novidades.

O teu eterno amigo

Dâmaso Salcede

Cláudia Santos, 11º C1

A Construção do Convento de Mafra

Minha querida mãe

Peço-te desculpa pela minha falta de notícias, mas ultimamente não tenho tido tempo de te escrever diariamente, faltando, assim, ao que te tenho prometido. O que se passa é que nós, os habitantes da bela vila de Mafra, temos estado muito ocupados com a construção do novo convento.
Esta nova edificação foi ordenada pelo nosso rei, Dom João V, para homenagear o nascimento da sua primogénita, a princesa Dona Maria Bárbara. Segundo o que me contou a vizinha, o levantamento desta obra deve-se a uma promessa que, supostamente, o rei fez a um tal frade da ordem franciscana de que, se a rainha engravidasse no decurso de dois anos, mandaria levantar em Mafra um convento de franciscanos.
A nossa população tem sofrido uma enorme quantidade de abusos e de violações, na medida em que todos os homens têm sido obrigados a trabalhar excessivamente, só para cumprir com a magnitude de caprichos do nosso soberano. Também devo contar-te que temos estado à beira da miséria, uma vez que o meu marido, naquele trabalho pesado e imposto, não ganha o suficiente para manter a nossa família, por isso já amanhã começo a trabalhar no castelo como cozinheira.
       Espero em Deus que a igreja deste convento seja suficientemente grande para nós todos, os cidadãos de Mafra, podermos assistir à missa dos domingos, já que, presentemente, muitos não conseguem testemunhar as poderosas e impressionantes palavras do nosso Padre.
       Considero ter dito absolutamente tudo o que está a acontecer por cá. Espero a tua resposta.

Tua querida filha,


Maria Benedita.





Lorena Sanchez, 12º C1

Par Baltasar e Blimunda

O livro Memorial do Convento, escrito por José Saramago, dá ênfase à relação amorosa das personagens Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas.
Esta relação começa de uma forma totalmente diferente das outras, já que as duas personagens se conhecem num auto de fé, onde a mãe da Blimunda, Sebastiana de Jesus, foi condenada à pena de ser degredada para Angola. No decorrer da história, é narrada a relação destes dois protagonistas como um casal. Eles enfrentam todas as adversidades e os imprevistos com força, determinação, mas,  sobretudo, com amor e respeito. Em determinada parte da história, os dois tornam-se cúmplices do Padre       Bartolomeu Lourenço de Gusmão na construção da máquina voadora, “A Passarola”. Estes dois trabalham arduamente e ocupam-se de tarefas diferentes: Baltasar na edificação, em si, do aparato da máquina e Blimunda na recolha de vontades, uma vez que a jovem possuía poderes sobrenaturais. O mesmo artefacto, no final da obra, é aquele que separa os dois amantes de forma definitiva. 
            Baltasar e Blimunda representam, sem dúvida alguma, o tipo de amor e o tipo de relação conhecida como ideal. Os dois amam-se completamente e loucamente, ao ponto de Blimunda procurar Baltasar por um período de nove anos, depois de, em certo dia, simplesmente ele ter desaparecido. 
           O narrador mostra, ao leitor, a sua convicção sobre o verdadeiro amor, no momento em que Blimunda apanha a vontade do Baltasar, quando ele está a morrer num auto de fé. Esta vontade teria que ficar na terra, pois pertencia a Blimunda. Assim se mostra a sublimidade no amor representado por este casal.




Lorena Sanchez, 12º C1



A Luxuosa Casa dos Maias


Casarões de Luxo





A sua coluna de imóveis

Chama-se Ramalhete e é uma vivenda de luxo situada em Lisboa, no calmo bairro das Janelas Verdes. Este casarão pertence a uma família da Beira: os Maias, constituída por Afonso da Maia e seu neto, Carlos da Maia, recém-formado em medicina, na universidade de Coimbra.
Recentemente, a família decidiu mudar-se para Lisboa e, de forma a conseguirem instalar-se comodamente no antigo Ramalhete, o avô e o neto tomaram a iniciativa de fazerem algumas obras. Para isso, Carlos da Maia contratou um conceituado arquiteto-decorador de Londres, Jones Bule.
Ao entrar no pátio da casa, somos logo surpreendidos por um extenso pavimento de mármore em tons de branco e vermelho, enfeitado com várias plantas decorativas. Nesta casa encontramos bastantes indícios do gosto que os Maias têm por viagens e por antiguidades, começando pelos clássicos vasos de Quimper e pelos bancos feudais em talha, trazidos de Espanha, dispostos ainda no pátio.
Na antecâmara, as cores vibrantes dos tapetes persas que cobrem os divãs despertam a atenção de qualquer visitante, ao lado um conjunto de largos pratos mouriscos com reflexos metálicos de cobre, que conferem brilho à divisão e, no meio de toda esta harmonia de cores, sobressai o mármore branco que constitui a figura de uma adorável menina, rindo-se, ao meter o seu pezinho dentro de água.
Um amplo corredor repleto de peças vindas da casa de Benfica, como os caros jarrões da Índia e alguns quadros devotos, dá acesso às quatro divisões mais importantes da casa. Começando pelo salão nobre, todo ele é coberto de bonitos brocados de veludo cor de musgo, destacando-se assim o retrato da sogra de Afonso da Maia, a Condessa de Runa, tela de Constable.
Ao lado é a sala onde se faz a música, cuja decoração nos faz viajar para o século XVIII, com os luxuosos móveis enramelhetados de ouro e as duas brilhantes tapeçarias de Gobelins.
Do outro lado, situa-se a sala mais cómoda do Ramalhete, o Fumoir, e não é por acaso que é mesmo a sala mais cómoda do Ramalhete, pois possui otomanas fofas como leitos, estofos escarlates e pretos, quentes e aconchegantes, que fazem sobressair as cores vivas das faianças holandesas, que, mais uma vez, simbolizam o gosto dos Maias pela exploração do mundo.
E, por fim, ao fundo do corredor, é o escritório de Afonso. Esta sala reflete, de certa forma, a personalidade de Afonso da Maia, desde a maciça mesa de pau-preto às estantes de carvalho lavrado, que revelam o seu caráter forte e resistente face a todas as situações complicadas que já viveu. Ao canto, existe uma cadeira de braços, com tapeçaria, a mostrar as armas dos Maias. Destacam-se, também, uma pele de urso branco e um bonito biombo japonês bordado a ouro, perto do fogão, para que Afonso possa sentar-se e sentir-se a desfrutar do ambiente da quinta Santa Olávia, onde tem a sua casa preferida.
No segundo andar, existe um corredor repleto de retratos de família que dá acesso aos quartos de Afonso. Carlos tem três gabinetes, todos eles com vista para o jardim. Este jardim, apesar de não ser muito grande, é bastante acolhedor e simpático, com o seu cipreste e o cedro, que providenciam sombra à família nos dias mais quentes. A estátua de Vénus Citereia, branca como leite, de tão encantadora que é, aparenta ter acabado de chegar de Versalhes e a cascatazinha no meio do jardim, confere um clima relaxado e descontraído a esta zona do Ramalhete.
Ao pé dos degraus do terraço, estão plantados bonitos girassóis que dão cor ao jardim. Do terraço, conseguimos ter vista para o mar, onde, por vezes, passam alguns barcos levados pela suave brisa, brisa essa que também faz andar as pás do velho moinho que se eleva no cimo do monte. A linha sinuosa do monte faz fronteira com o horizonte, elevando-se acima do nível do mar. Trata-se de um quadro que deleita a vista de quem tem o prazer de visitar a casa do Ramalhete.
No fim desta visita ao Ramalhete, não podemos deixar de elogiar o excelente trabalho de Jones Bule, o esplêndido arquiteto-decorador londrino que remodelou esta casa para que os simpáticos e atenciosos Maias, que nos permitiram escrever este artigo, possam viver longos e prósperos anos.


Artigo de:

Joana Dias Almeida, nº 11, 11º C1

O Voo da Passarola VS F 16


Passarola  vs F 16                                                                   


O voo, no romance Memorial do Convento, é explicado por padre Bartolomeu da seguinte

maneira: O Sol atrai o âmbar, que atrai o éter, que, por sua vez, atrai os ímanes que atraem o ferro que compõe a passarola.

O problema residia no facto de o éter ser uma substância rara que “segura as estrelas”, portanto o padre Bartolomeu Lourenço precisou de ir estudar, tendo-se deslocado à Holanda para tentar fabricá-lo. 

Quando o padre regressou dos estudos, percebeu que não era possível fabricar o éter e explicou a Blimunda e a Baltasar o que era essa substância mística, consistindo nas vontades dos homens. Decorrido algum tempo, Blimunda, usando o seu dom de ver o interior das pessoas,  conseguiu recolher suficientes vontades para que pudessem fazer a passarola a voar.





Como se explica,atualmente, o voo dos aviões?







A importância das asas


A explicação para o voo dos aviões começa pelo contributo das asas.
Os aviões voam, pois as suas asas, embora pareçam planas, têm um perfil curvo  que faz com que o ar, na parte de cima da asa, se desloque mais rapidamente do que na parte de baixo da mesma, criando uma maior pressão na parte de baixo relativamente à parte de cima. Essa pressão “sustenta” o avião no ar e, quando deixa de existir, ou seja, quando o avião abranda o suficiente ,este “estagna”, deixando de se conseguir manter no ar, e cai, como se de uma pedra se tratasse.

André Simões, 12º C4

domingo, 2 de abril de 2017

Os detalhes por detrás do casamento



Os detalhes por detrás do casamento

D. Maria Bárbara, de dezassete anos, casou-se com Fernando VI de Espanha, de quinze anos. O casamento ocorreu em Espanha e, para tal, D. Maria partiu com algum tempo de antecedência, pois o caminho era longo. Partiu com a comitiva real, incluindo um antigo soldado, que agora acompanhava a rainha e a princesa.
Seguiram para Vendas Novas, no entanto este percurso tornar-se-ia complicado, devido ao mau tempo que se fazia sentir. A caravana estava separada em duas partes, pelo que a comitiva de D. Maria, quando chegou a Vendas Novas, tinha muitas baixas. Deste modo, a Rainha decidiu interromper a viagem e alojarem-se num palácio, até que a tempestade abrandasse.
Foram necessários muitos homens para arranjar os caminhos, de modo a que a comitiva pudesse passar, sendo que João Elvas foi um dos escolhidos. Na manhã seguinte, já não chovia e a comitiva seguiu viagem.
Em Évora, todos esperavam o Rei, que, naquele momento, se encontrava em Vila Viçosa e sabe-se que, pela tarde, terá distribuído moedas pelos pobres que lá se encontravam.
Do outro lado da fronteira, em Badajoz, já se fazia festa, os populares dos dois países rejubilavam de felicidade por saberem que iria ocorrer uma cerimónia.
Durante a cerimónia, enumeram-se as diferenças entre os portugueses e os espanhóis. Do lado português, existiam “ tapeçarias e cortinados de damasco carmesim com sanefas de brocado de ouro”; do lado espanhol os adornos consistiam em tiras de “ brocado verde e branco”, ao centro da sala existia uma “grande mesa com cadeiras forradas de tissu de ouro e prata”. No final da cerimónia, Scarlatti tocou no seu cravo. O povo estava do lado de fora, imaginando, à distância, o requintes destas cerimónias.
Restava-lhe contentar-se com o o deleite da visão do cortejo, realizado com uma pompa e riqueza de um apuro nunca antes apreciado.

Raquel Rodrigues

O SONHO REAL



- Abençoe-me, Padre, porque pequei.
- Diga-me, vossa alteza, como poderei aliviar a vossa dor?
- Espírito Santo, ilumine a minha mente, para que consiga identificar os meus pecados, e toque-me o coração, para que eu me sinta arrependida por tê-los cometido. Amém.
- Digo-vos, vossa alteza real, que, se confessarmos os nossos pecados, Nosso Senhor será fiel e justo a perdoá-los. 
- Senhor, contra ti pequei e fiz o que reprovas, justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Sofro de uma fraqueza pessoal. Há dias sem fim que peco, não só dias, pois também o faço quando o Sol se põe e me deito sob o meu cobertor de penas. Sonho com o meu cunhado, o infante D. Francisco, o que farei, Senhor Padre? Sonho que ele me convida, educadamente, para passear. Passeamos e passeamos, ele canta-me versos soltos de poemas: "Amor é fogo que arde sem se ver.", "Ah o amor... que nasce não sei de onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.", "Amor é querer estar preso por vontade.". Sonho que ele me ama; que me acaricia os cabelos; que me beija; que me abraça, que me elogia; que me faz rir; que me ouve como se algum sentido tivesse o que eu digo, mesmo quando gaguejo. Mas sabe o pior, padre? Como já tenho dito, não é só à noite que me entrego a estes pensamentos, pois dou por mim a passear sozinha e a lembrar-me de quão bom seria poder tornar os sonhos realidade, poder, por instantes, sentir-me livre de escolher o meu caminho e com quem quero estar...
- Vossa digníssima alteza, sou de opinião que todo o ser humano deve lutar para atingir o seu ideal de felicidade, mas, no vosso caso, sou forçado a trair os meus valores, pois cabe, também a  vós, manter a paz e a harmonia no país e no seio da família real. Assim o digo: Se amais o vosso país, afastai-vos desses pensamentos. Ego te absolvo a peccatis tuis in nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Vá em paz para amar e servir a Deus.
- Graças a Deus.
-Ide em paz e o senhor vos acompanhe.
-Amén. Deus é misericordioso.
-Deus ama, neste mundo, aqueles que sofrem. A infinita glória só se alcança no reino dos céus.


Mariana Marmelo, 12º C1

O Voo da Passarola




Relato de Blimunda

Os meses foram passando na quinta de S. Sebastião da Pedreira. Agosto chegara ao fim. Setembro ia a meio, e nenhuma notícia tinha chegado. Encerrados na quinta do duque de Aveiro, Baltasar e eu assistíamos, impacientemente, ao passar dos dias. Vários sóis e luas contados, tantos mais quantos aqueles que nos servem de alcunha. Enfim, nenhuma novidade sobre o padre Bartolomeu chegou, nem tão pouco sobre o tão esperado dia, o dia em que voaríamos. A espera ansiosa mantinha-se, até que, num belo dia em que o céu parecia limpo e o sol brilhava (não tanto como os sete sóis do meu querido Baltasar... Ai! Meu querido Baltasar...), o padre apareceu na quinta.
 Pusemos a hipótese de que fosse el-rei que vinha ao nosso encontro para assistir ao levantamento da nossa obra, onde depositámos tanto esforço e dedicação, mas não, era o padre Bartolomeu Lourenço que, agora, se encontrava ali diante de nós, pálido e cinzento. “O que aconteceu?”, “Onde está el-rei?”, “Não voaremos?”. Foram estes os pensamentos que me ocorreram quando vi o padre naquele estado, mas, antes mesmo de ter tempo de ponderar sobre o assunto, ele gritou “Temos de fugir!”. Naquele momento, pensei que fosse o fim, o fim da Santíssima Trindade, o fim do fruto da nossa união, o fim do sonho de voar. “O Santo Ofício anda à minha procura, querem prender-me, onde estão os frascos?”. Fiquei tão assustada, naquele momento, que apenas tive tempo de agarrar nos frascos com as vontades todas que recolhera, duas mil, contei eu (sabe Deus o que me custou, quase a minha vida!).
“Que faremos?”, repetia, ansiosamente, o meu amado Baltasar, desesperado por uma resposta do padre:
- “Vamos fugir na máquina”.
 E assim foi. Duas horas foi o tempo necessário para preparar tudo: retirar as telhas da abegoaria, verificar o estado das velas, preparar alguma comida para a viagem. O cravo do senhor Scarlatti ali ficou, com muita pena minha, e certamente dele. Minha por poder não voltar a ouvir a sua melodia, aquela que não se equiparava a mais nenhuma, dele por não poder tocar nos céus, como tanto desejava. Tudo preparado para levantar voo. Baltasar segurava a corda com que se fechariam as velas, mas não reagia, talvez por insegurança. Aproximei-me, coloquei as minhas mãos sobre a dele e, juntos, puxámos a corda. Os raios do sol incidiam sobre as bolas de âmbar e tudo começou a funcionar como uma melodia (se ao menos estivesse lá o senhor Scarlatti...), o sol atraía o âmbar, o âmbar atraía o éter (tanto trabalho tivemos para o conseguir arranjar), o éter, por sua vez, atraía os ímanes e estes as lamelas de ferro. A passarola estremeceu, começámos a afastar-nos da abegoaria a uma velocidade incrível, suficiente para nos deitar ao chão, a mim e a Baltasar. Pouco tempo depois, já não se distinguia a quinta, que se perdia entre as colinas, apenas Lisboa, o rio, o mar, aquele que fascinava tanto o padre Bartolomeu (ninguém imagina as saudades que eu tenho daquele homem, do brilho dos seus olhos perante esta obra tão grandiosa, da sua capacidade ilimitada de sonhar...). “Blimunda e Baltasar, venham ver, levantem-se daí, não tenham medo” foram as palavras do padre, nunca o tinha visto tão feliz. Percorria o convés da máquina para poder ver as maravilhas do mundo em todas as perspetivas possíveis, quer fosse a oeste, este, sul ou norte, quem sabe em busca de uma estrela que o guiasse! O seu sonho era, agora, não mais que a sua realidade e, por isso mesmo, ninguém lha podia tirar, nem mesmo o Santo Ofício.
 Baltasar e eu levantámo-nos, fascinados com o que víamos, com o brilho do sol que irrompia pelo convés, com o som do vento, com aquela sensação de leveza. O meu querido Sete-Sóis abraçou-se a mim, beijou-me e começou a chorar, talvez a emoção de ter conseguido alcançar um objetivo, tão cobiçado há tantos anos, o tenha consumido por completo, mais do que as lembranças que tinha da guerra (se ao menos o pudesse abraçar mais uma vez...).
Adiante, o padre Bartolomeu de Gusmão (assim ele gostava que o chamassem), abriu as velas de maneira a que parte das bolas de âmbar estivessem à sombra e a máquina começasse a descer. Para além da paisagem maravilhosa que era observada de lá de cima, era possível ver o Terreiro do Paço, onde, naquele momento, iam entrando os familiares do Santo Ofício em busca de prenderem o padre, em busca de acabarem com o seu sonho de ser reconhecido por todos aqueles que eram dados às artes, em busca de darem um fim à sua dedicada caminhada, em busca de darem um fim à sua vida. Tudo corria pelo seguro, até que, de repente, o sol pôs-se e a máquina, sem o “combustível” tão necessário, começou a cair de uma forma tão violenta! O vento lançava a máquina para a frente, ao ponto de já não se distinguir Lisboa no horizonte. A velocidade ia aumentando enquanto o pânico se instalava no convés da passarola. Antes de acontecer aquilo que mais temíamos, avistámos, ao longe, as obras do convento e Baltasar percebeu logo que estaríamos a sobrevoar a terra onde tinha nascido e crescido.
O sol já se preparava para dormir, enquanto a lua se preparava para brilhar. Era impossível fugir da noite, o nosso destino estava traçado, era óbvio que o nosso fim estava próximo. Agarrei numa das esferas que continha parte das vontades e Baltasar envolveu o seu corpo na outra esfera, que continha a outra tanta parte. Felizmente foi o que nos valeu. A máquina conseguiu aterrar devagar, graças a Deus, ou graças a nós. Ninguém ficou ferido, apenas estávamos exaustos. Mais tarde, após termos descansado e reposto as nossas energias, observámos que o padre não estava bem, pois a sua obsessão em relação ao Santo Ofício tinha-o deixado alterado. Coitado, já não era o mesmo. Baltasar e eu tentámos descansar da longa viagem, mas não conseguíamos, sequer, abstrairmo-nos, por um segundo que fosse, daquela grande aventura. Durante a madrugada, acordámos sobressaltados com o barulho das chamas. Era o padre que tinha pegado fogo à passarola. Não queríamos acreditar naquilo que os nossos olhos viam. Depressa reagimos e conseguimos salvar das chamas o nosso invento.
O padre desapareceu por entre as moitas e nunca mais tivemos notícias dele. Bartolomeu Lourenço de Gusmão, era este o seu nome, ajudou-nos, a mim e a Baltasar, quando mais precisámos, casou-nos num ritual à altura do nosso amor e, acima de tudo, deu-nos um motivo para viver.


Rita Ribeiro, 12º C1