terça-feira, 18 de abril de 2017

Carta de Pedro a Afonso da Maia

Carta de despedida de Pedro da Maia


Querido pai


Nunca pensei vir a escrever uma carta para si com este teor, muito menos voltar a cair neste estado de depressão. Pensei e imaginei, iludindo-me por completo, que nada me pudesse magoar tanto como a morte da mamã, mas estava enganado. Não sei como lidar com esta dor, por isso talvez a minha decisão seja a melhor saída.
Desde o momento em que vi Maria pela primeira vez que tudo mudou, fiquei fascinado com a sua beleza. Tudo começou quando passei a frequentar bares. Eu queria ultrapassar a morte da mãe e uma das melhores formas era distrair-me, inebriando-me e afogando em álcool o meu sofrimento. Estava com o Alencar, num desses momentos de boémia, quando a vi passar, e confesso-te que fiquei logo fascinado … Por "Negreira " a tratavam , mas ela de negra não tinha nada! Pelo contrário, aquele tom de pele claro como a neve, aqueles olhos que pareciam reluzir toda a luz do céu e aquele cabelo cor de oiro deixaram-me boquiaberto! Na verdade, eu nunca tinha visto tal beleza e nunca antes nenhuma mulher me perturbara como ela. A verdade é que nunca aceitaste a mulher que eu realmente amava e, agora, sim, percebo porquê. Deixei-me levar pelo meu sentimento , pensando que nada de mal iria perturbar a relação com a mulher por quem me apaixonei à primeira vista. Agora que caí em mim, arrependo-me muito de não vos ter ouvido, mas, por outro lado, fiz com que viessem ao mundo dois herdeiros seus, que são sangue do meu sangue . São eles a minha querida Maria Eduarda, que Deus sabe onde estará, entregue nos braços de uma mão leviana, e o meu jovem Carlos, que, pelo que parece, é mais parecido com o avô do que com o próprio pai.
Perante esta tragédia que se abate sobre mim, não percebo onde é que errei. Enfim, talvez eu não fosse homem o suficiente para a Maria Monforte e talvez o Tancredo a possa fazer realmente feliz... Contudo duvido, já que ela veio a revelar-se uma doidivanas que apenas quer ir por esse mundo fora, em busca de aventuras, não se preocupando com os filhos.
 Não sei o que fazer, só sei que a amava do fundo do coração. Não me sentindo com forças para enfrentar o meu desgosto, peço desculpa por não me despedir, mas é melhor eu partir assim, sem choros, sem sofrimento. Só te peço, pai, que cuides do meu Carlos e que o faças o Homem com aquele H  grande, que sempre quiseste que eu fosse.

Encontrar-nos-emos no céu. Por agora, eu vou fazer companhia à minha querida e santa mãe.

O teu filho que te ama muito

Pedro.







Rafaela Martins, nº 21, 11º C1

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