terça-feira, 18 de abril de 2017

A Luxuosa Casa dos Maias


Casarões de Luxo





A sua coluna de imóveis

Chama-se Ramalhete e é uma vivenda de luxo situada em Lisboa, no calmo bairro das Janelas Verdes. Este casarão pertence a uma família da Beira: os Maias, constituída por Afonso da Maia e seu neto, Carlos da Maia, recém-formado em medicina, na universidade de Coimbra.
Recentemente, a família decidiu mudar-se para Lisboa e, de forma a conseguirem instalar-se comodamente no antigo Ramalhete, o avô e o neto tomaram a iniciativa de fazerem algumas obras. Para isso, Carlos da Maia contratou um conceituado arquiteto-decorador de Londres, Jones Bule.
Ao entrar no pátio da casa, somos logo surpreendidos por um extenso pavimento de mármore em tons de branco e vermelho, enfeitado com várias plantas decorativas. Nesta casa encontramos bastantes indícios do gosto que os Maias têm por viagens e por antiguidades, começando pelos clássicos vasos de Quimper e pelos bancos feudais em talha, trazidos de Espanha, dispostos ainda no pátio.
Na antecâmara, as cores vibrantes dos tapetes persas que cobrem os divãs despertam a atenção de qualquer visitante, ao lado um conjunto de largos pratos mouriscos com reflexos metálicos de cobre, que conferem brilho à divisão e, no meio de toda esta harmonia de cores, sobressai o mármore branco que constitui a figura de uma adorável menina, rindo-se, ao meter o seu pezinho dentro de água.
Um amplo corredor repleto de peças vindas da casa de Benfica, como os caros jarrões da Índia e alguns quadros devotos, dá acesso às quatro divisões mais importantes da casa. Começando pelo salão nobre, todo ele é coberto de bonitos brocados de veludo cor de musgo, destacando-se assim o retrato da sogra de Afonso da Maia, a Condessa de Runa, tela de Constable.
Ao lado é a sala onde se faz a música, cuja decoração nos faz viajar para o século XVIII, com os luxuosos móveis enramelhetados de ouro e as duas brilhantes tapeçarias de Gobelins.
Do outro lado, situa-se a sala mais cómoda do Ramalhete, o Fumoir, e não é por acaso que é mesmo a sala mais cómoda do Ramalhete, pois possui otomanas fofas como leitos, estofos escarlates e pretos, quentes e aconchegantes, que fazem sobressair as cores vivas das faianças holandesas, que, mais uma vez, simbolizam o gosto dos Maias pela exploração do mundo.
E, por fim, ao fundo do corredor, é o escritório de Afonso. Esta sala reflete, de certa forma, a personalidade de Afonso da Maia, desde a maciça mesa de pau-preto às estantes de carvalho lavrado, que revelam o seu caráter forte e resistente face a todas as situações complicadas que já viveu. Ao canto, existe uma cadeira de braços, com tapeçaria, a mostrar as armas dos Maias. Destacam-se, também, uma pele de urso branco e um bonito biombo japonês bordado a ouro, perto do fogão, para que Afonso possa sentar-se e sentir-se a desfrutar do ambiente da quinta Santa Olávia, onde tem a sua casa preferida.
No segundo andar, existe um corredor repleto de retratos de família que dá acesso aos quartos de Afonso. Carlos tem três gabinetes, todos eles com vista para o jardim. Este jardim, apesar de não ser muito grande, é bastante acolhedor e simpático, com o seu cipreste e o cedro, que providenciam sombra à família nos dias mais quentes. A estátua de Vénus Citereia, branca como leite, de tão encantadora que é, aparenta ter acabado de chegar de Versalhes e a cascatazinha no meio do jardim, confere um clima relaxado e descontraído a esta zona do Ramalhete.
Ao pé dos degraus do terraço, estão plantados bonitos girassóis que dão cor ao jardim. Do terraço, conseguimos ter vista para o mar, onde, por vezes, passam alguns barcos levados pela suave brisa, brisa essa que também faz andar as pás do velho moinho que se eleva no cimo do monte. A linha sinuosa do monte faz fronteira com o horizonte, elevando-se acima do nível do mar. Trata-se de um quadro que deleita a vista de quem tem o prazer de visitar a casa do Ramalhete.
No fim desta visita ao Ramalhete, não podemos deixar de elogiar o excelente trabalho de Jones Bule, o esplêndido arquiteto-decorador londrino que remodelou esta casa para que os simpáticos e atenciosos Maias, que nos permitiram escrever este artigo, possam viver longos e prósperos anos.


Artigo de:

Joana Dias Almeida, nº 11, 11º C1

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