A sua coluna
de imóveis
Chama-se Ramalhete e é uma vivenda de
luxo situada em Lisboa, no calmo bairro das Janelas Verdes. Este casarão
pertence a uma família da Beira: os Maias, constituída por Afonso da Maia e seu
neto, Carlos da Maia, recém-formado em medicina, na universidade de Coimbra.
Recentemente, a família decidiu mudar-se
para Lisboa e, de forma a conseguirem instalar-se comodamente no antigo
Ramalhete, o avô e o neto tomaram a iniciativa de fazerem algumas obras. Para isso, Carlos da Maia contratou
um conceituado arquiteto-decorador de Londres, Jones Bule.
Ao entrar no pátio da casa, somos logo
surpreendidos por um extenso pavimento de mármore em tons de branco e vermelho,
enfeitado com várias plantas decorativas. Nesta casa encontramos bastantes
indícios do gosto que os Maias têm por viagens e por antiguidades, começando
pelos clássicos vasos de Quimper e pelos bancos feudais em talha, trazidos de
Espanha, dispostos ainda no pátio.
Na antecâmara, as cores vibrantes dos
tapetes persas que cobrem os divãs despertam a atenção de qualquer visitante,
ao lado um conjunto de largos pratos mouriscos com reflexos metálicos de cobre, que conferem brilho à divisão e, no meio de toda esta harmonia de cores,
sobressai o mármore branco que constitui a figura de uma adorável menina,
rindo-se, ao meter o seu pezinho dentro de água.
Um amplo corredor repleto de peças
vindas da casa de Benfica, como os caros jarrões da Índia e alguns quadros
devotos, dá acesso às quatro divisões mais importantes da casa. Começando pelo
salão nobre, todo ele é coberto de bonitos brocados de veludo cor de musgo, destacando-se
assim o retrato da sogra de Afonso da Maia, a Condessa de Runa, tela de
Constable.
Ao lado é a sala onde se faz a música, cuja decoração nos faz viajar para o século XVIII, com os luxuosos móveis
enramelhetados de ouro e as duas brilhantes tapeçarias de Gobelins.
Do outro lado, situa-se a sala mais
cómoda do Ramalhete, o Fumoir, e não é por acaso que é mesmo a sala mais cómoda do
Ramalhete, pois possui otomanas fofas como leitos, estofos escarlates e pretos, quentes e aconchegantes, que fazem sobressair as cores vivas das faianças
holandesas, que, mais uma vez, simbolizam o gosto dos Maias pela exploração do
mundo.
E, por fim, ao fundo do corredor, é o
escritório de Afonso. Esta sala reflete, de certa forma, a personalidade de
Afonso da Maia, desde a maciça mesa de pau-preto às estantes de carvalho
lavrado, que revelam o seu caráter forte e resistente face a todas as situações
complicadas que já viveu. Ao canto, existe uma cadeira de braços, com tapeçaria, a mostrar as armas dos Maias. Destacam-se, também, uma pele de urso branco e um bonito biombo japonês
bordado a ouro, perto do fogão, para que Afonso possa sentar-se e sentir-se a desfrutar do ambiente da quinta Santa Olávia, onde tem a sua casa preferida.
No segundo andar, existe um corredor
repleto de retratos de família que dá acesso aos quartos de Afonso. Carlos tem
três gabinetes, todos eles com vista para o jardim. Este jardim, apesar de
não ser muito grande, é bastante acolhedor e simpático, com o seu cipreste e o
cedro, que providenciam sombra à família nos dias mais quentes. A estátua de
Vénus Citereia, branca como leite, de tão encantadora que é, aparenta ter
acabado de chegar de Versalhes e a cascatazinha no meio do jardim, confere um
clima relaxado e descontraído a esta zona do Ramalhete.
Ao pé dos degraus do terraço, estão plantados
bonitos girassóis que dão cor ao jardim. Do terraço, conseguimos ter vista para
o mar, onde, por vezes, passam alguns barcos levados pela suave brisa, brisa
essa que também faz andar as pás do velho moinho que se eleva no cimo do monte. A linha sinuosa do monte faz fronteira com o horizonte, elevando-se acima do nível do mar. Trata-se de um quadro que deleita a vista de quem tem o prazer de visitar a casa do
Ramalhete.
No fim desta visita ao Ramalhete, não podemos
deixar de elogiar o excelente trabalho de Jones Bule, o esplêndido
arquiteto-decorador londrino que remodelou esta casa para que os simpáticos e
atenciosos Maias, que nos permitiram escrever este artigo, possam viver longos
e prósperos anos.
Artigo
de:
Joana
Dias Almeida, nº 11, 11º C1
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