Redação de um texto à maneira de Cesário Verde, reproduzindo o percurso realizado no decorrer da visita de estudo à Casa Fernando Pessoa.
À saída da estação do Rossio, dei o primeiro passo de um demorado percurso. Deu-se, assim, o começo de uma aventura que mal sabia eu que estava por vir.
Das nove e meia da manhã ao meio-dia, a aventura envolveu uma longa caminhada. A primeira paragem despertou em mim conforto. O toque, a textura, a conexão entre os meus dedos e a construção na calçada do Largo do Carmo amplificaram a minha noção da realidade. Até ao Largo de Camões, passeei, como quem está mais preocupado com o que pelo percurso vai visualizando. Um cheiro intenso atinge-me. À medida que me aproximo da Brasileira, sou inundada pelo aroma do café, sentindo todo o meu eu hipnotizado pelo odor que o lugar transborda. Senti-me de tal maneira assoberbada, ainda que no bom sentido, que obriguei os meus pés dormentes a moverem-se.
Já a contemplar o Teatro Nacional de São Carlos, os meus ouvidos recebem sons encantadores, ou serão estes sons criação dos meus ouvidos? Sem ter uma resposta concreta, permaneço no mesmo local por uns instantes, com receio de que, caso me mova, a melodia fique muda. O silêncio retorna e, agora de costas para o Teatro, dou de caras com o edifício onde nasceu Fernando Pessoa, emitindo um "Oh" de espanto, porque de banal nada tem. A análise detalhada do prédio e os olhares profundos partilhados entre mim e o quarto andar transportaram-me para 13 de junho de 1888.
No Martinho da Arcada, visualizámos, brevemente, os clientes satisfeitos enquanto consumiam maravilhosas iguarias.
Finalmente, a Casa Fernando Pessoa é especial, magnifique. Tratou-se de o tal caso de “o melhor para o fim”. Esta foi a paragem que me despertou todos os sentidos, que se puseram em sintonia para captarem todas as perceções possíveis de absorver.
Andei tão pouco que terminei a aventura sem pés... Coitadinha de mim! Na realidade, as paragens proporcionaram-me tempo de recuperação física, de assimilação mental e ativação de sentidos, atraindo-me e permitindo-me experienciar devidamente o que perante mim se encontrava.
Paragem 1: Construção situada na calçada do Largo do Carmo.
Paragem 2: Café "A Brasileira", localizado no Largo do Chiado, na Rua Garrett.
Paragem 3: Teatro Nacional de São Carlos, situado no Largo de São
Carlos.
Paragem 4: Edifício no qual nasceu Fernando Pessoa, no 4º andar, localizado em frente ao Teatro Nacional de São Carlos.
Paragem 5: Café "Martinho da Arcada", situado na esquina norte da Praça do Comércio.
Paragem 6: Casa Fernando Pessoa, localizada na Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique.
Trabalho realizado por: Ana Sofia Cardoso, nº 4, e Andreia Neto, nº 29
12º C3, novembro de 2022
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