terça-feira, 14 de junho de 2016

Contas ou não Contas?

Contas ou não Contas?


Vais contar ou não contas?
Consigo ver as personalidades que tomas.
Espero por ti a todas as horas,
Não me importo se tu demoras.

Fico sem nada conseguir fazer,
Ao pensar em ti, por tanto te querer!
Quando tens oportunidade começas a correr,
Para fora do meu campo de visão.

Ou será que é minha a Ilusão?
Contudo já cheguei à conclusão
Que alguma coisa me queres contar.

E algo de importante deverá ser,
Por isso a minha curiosidade já não consigo conter,
Do Amanhecer até ao Anoitecer!

Afinal, Contas ou não Contas?

João Silva, 9 º ano, turma E







A Criatividade do Menino


A Criatividade Do Menino
   
 O menino tem muita criatividade,
 Até prefere o campo à cidade.
 Sabe que tudo está ao seu alcance,
 E não há quem na tristeza o lance.
 Quando os maus o criticam,
 Os bons ficam a apoiá-lo.
 Naquilo que faz , há esperança,
 Por isso o menino tem muita confiança.
 
 Pensa em tornar-se escritor.
 Dizem lhe que é muito trabalhador.
 Ele até pensou em ser cantor
 Ou talvez vir a ser algo parecido com um Ator,
 Pois o menino tem muito sentido de humor.
 Como gosta da escola,
 Já lhe chegou a ideia de ser professor.
 A falta de jeito não o faz querer ser pintor.
 
 Aprecia as novas tecnologias , irá tornar-se Informático?
 Gosta de números, será Matemático?
 Nem dá para adivinhar ou contar
 As profissões que este menino poderá tomar!


João Silva, 9º ano, turma E







quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Busca de uma Ilha Desconhecida



            O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago, é uma narrativa muito importante sobre a necessidade humana de realização dos sonhos e desejos, mesmo quando essa realização parece difícil, mostrando-se que nunca se deve perder a esperança. A mensagem do livro é transmitida através de expressivas metáforas que reproduzem as ideias e reflexões apresentadas e também são escolhidos bons exemplos para ilustrar essas reflexões.
No conto, as personagens utilizadas não têm nome, apenas se refere o nome das suas profissões ou lugar que ocupam na sociedade, como a senhora da limpeza e o homem que vai pedir um barco ao rei (personagens principais), os marinheiros, os criados que realizam as várias funções no palácio e o próprio rei. O facto de as personagens não terem nome significa que a sua importância resulta dos valores que elas simbolizam. O homem quer encontrar uma ilha desconhecida, no entanto é avisado que estas ilhas já não existem, pois todas já foram descobertas pelos geógrafos do rei. Ele insiste, “ porque é impossível que não exista uma ilha desconhecida “. Assim, a senhora da limpeza, por impulso e por ver na atitude do homem um ato de coragem, decide ir até ao barco. E as duas personagens, ainda desconhecidas uma para a outra, partem à aventura.
A ilha desconhecida é representada de diversas formas, como o encontro entre a mulher da limpeza e o homem, o desejo do homem em ter um barco para realizar a sua viagem e até a própria viagem. Desta forma, o narrador descreve a necessidade de alcançar aquilo que ainda não se tem, mas que, a partir de sonhos, pode estimular ações humanas. Essa esperança é personificada na mulher da limpeza, que decidiu sair do seu lugar de conforto, ou seja, o palácio onde trabalhava, para fazer parte da tripulação.
Assim, o desejo do homem de realização da busca da ilha desconhecida representa a viagem permanente da vida, em busca de nós mesmos. Frases como "Todo o homem é uma ilha" e "Quem não sai de si nunca chega a saber quem é " ilustram a importância da viagem da vida que cada um precisa de realizar, em busca do conhecimento de si mesmo.

Raquel Oliveira, 11º C1









Leitura para preencher uma ausência

Cacém, 25 de maio de 2016 


  Querida mãe

             Como está a correr a viagem? Eu sei que já não falamos há algum tempo, mas eu só quero saber como estás e quando voltas. Como não estás comigo nem com o meu irmão, tenho um conselho para te dar: lê o livro “OS Maias“, de Eça de Queirós.
            O enredo de "Os Maias" passa-se em Lisboa e conta a história da família Maia. Decorre no ao de 1875, quando Afonso da Maia e o seu neto, Carlos, se instalam no Ramalhete (que é um lugar amaldiçoado e as suas paredes trazem sempre desgraça à família Maia!). Afonso da Maia teve apenas um filho, que foi Pedro da Maia, mas este suicidou-se porque a mulher (chamada Maria Monforte) o abandonou, tendo fugido com um italiano (não vais gostar nada desta leviana e mãe desnaturada). Maria Monforte levara a sua filha com ela, mas deixou o seu filho Carlos com o marido. Após o suicídio de Pedro, Carlos ficou entregue aos cuidados de seu pai Afonso. Carlos foi criado por Afonso segundo uma educação à inglesa, tendo acabado, depois, por se formar em medicina. Quando foi habitar o Ramalhete, abriu um consultório, mas este não teve sucesso, pois a alta sociedade lisboeta não o levava a sério por ele ser muito rico. Carlos teve muitos amigos: João da Ega, Alencar, Dâmaso Salcede, Palma Cavalão, Eusebiozinho, o maestro Cruges, entre outros. Além disso, também teve várias aventuras amorosas, entre as quais se destacou o romance com a Condessa de Gouvarinho, que depois abandonou, porque se ter apaixonado por Maria Eduarda, uma presumível brasileira que ele viu à porta do Hotel Central. Infelizmente, também esta ligação acabou por se romper, quando eles descobriram que eram irmãos, o que contribuiu para a morte do avô Afonso, causada por tanto desgosto. No final, Carlos e o seu amigo, João da Ega, viajaram pelo mundo e Carlos ficou fora de Portugal por dez anos.
            Ai,  mãezinha tu vais gostar tanto desta história, principalmente a partir do capítulo dez, onde tudo se torna mais emocionante. Apesar de estares longe, espero que te estejas a divertir e que, na leitura, te lembres de mim, a tua querida filha.
             
Com muito amor, tua filha


Katiana Vicente, 11º E1













quarta-feira, 1 de junho de 2016

A História de Fernão Capelo Gaivota


Fernão Capelo Gaivota

            O conto “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach, transmite a realidade da sociedade atual através do comportamento das gaivotas.

             No início do seu livro, o autor descreve o comportamento das gaivotas que se preocupam só com a comida. Todas elas voam juntas e lutam umas com as outras para obtê-la. Elas voam a uma distância bastante curta, acima do nível das águas do mar e perto da linha costeira, para tentarem roubar a comida dos pescadores. Este comportamento das gaivotas transmite a sociedade atual em que as pessoas só se preocupam com a sua própria vida e tentam encontrar o benefício que podem retirar de uma situação qualquer.

            A personagem principal deste conto é uma gaivota que se chama Fernão Capelo. Ela é diferente dos outros da sua espécie; pensa e vê o mundo de um modo que não é tradicional para as gaivotas. Ela quer conhecer o mundo, descobrir todos os segredos do voo e desenvolver as possibilidades do seu próprio corpo. As outras gaivotas acharam-na estranha e anormal e, por isso, expulsaram-na. Esta situação transmite o comportamento da maioria das pessoas da sociedade atual que, infelizmente, não podem aceitar os outros que pensam de modo diferente ou não são parecidos com as “pessoas normais”. Neste conto, Fernão acaba por conseguir descobrir as possibilidades do seu corpo, que são infinitas, e consegue partilhar a experiência adquirida com as outras gaivotas. Também todas as pessoas “anormais” podem descobrir os grandes talentos no seu interior, porque já pensam de modo mais aberto do que os outros. Este fenómeno não acontece muito frequentemente na realidade, porque a maioria dessas pessoas sofre uma grande pressão da “sociedade normal”, que as faz desistir e tentar ficar mais parecidas com as pessoas dessa sociedade.

   A conclusão que se pode tirar deste conto é que todos nós precisamos de pensar de modo mais aberto, tentar descobrir os nossos talentos e não desistir por causa da pressão dos outros, o que fez Fernão neste conto, de forma bem-sucedida.


Artem Fomichov, 11º C1



terça-feira, 31 de maio de 2016

Jantar no Hotel Central teve Convidado de Honra

                 JANTAR NO HOTEL CENTRAL COM CONVIVADO DE HONRA

Um jantar acompanhado por vários membros da alta sociedade de Lisboa foi realizado, ontem, na sala de jantar do grande Hotel Central. Neste jantar, estiveram presentes Carlos da Maia, João da Ega, Jacob Cohen, Tomás de Alencar, Dâmaso Salcede e Craft.
O jantar foi dado em homenagem e para dar as boas-vindas ao banqueiro Jacob Cohen. Como entrada, foram servidas ostras, acompanhadas de um bom vinho francês.
Durante a refeição, surgiram vários temas de conversa, tendo-se falado, no início, sobre o “crime na Mouraria”. Em seguida os convivas discutiram literatura, tendo havido uma medição de forças entre Ega e Alencar, em que um dos cavalheiros defendia o realismo e o outro o romantismo.
Os amigos dividiam-se nas suas opiniões. Carlos opunha-se ao realismo. Depois de muita discussão sobre o assunto, Ega decidiu mudar o tema da conversa e fez uma pergunta a Cohen sobre a situação económica do país: “Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá… O empréstimo faz-se ou não se faz? “ O grande tema de conversa deste jantar foi, realmente, sobre as finanças de Portugal. Cohen, que era o mais entendido neste assunto, informou que o país vivia do empréstimo e dos impostos. Carlos entendeu que desse modo se caminhava para a bancarrota e Cohen, tranquilamente, concordou. A propósito deste tema de conversa, também não houve concordância entre os presentes, sobretudo entre Ega e Alencar. Ega, mostrando o seu sarcasmo, chegou a falar na invasão espanhola, mas Alencar protestou, mostrando-se um verdadeiro patriota e um português à antiga e dizendo que, nesse caso, ainda se dispunha a lutar pelo país.  
Em suma, foi um jantar no qual se saboreou a boa cozinha portuguesa e no qual não faltaram animadas conversas.
No final, surgiu uma discussão entre Ega e Alencar, que teria resultado em pancadaria, se os amigos os não tivesses separado. Contudo, a discussão acabou com os dois a apertarem as mãos. Os nossos parabéns ao homenageado deste convívio entre a nossa elite portuguesa.

Carlos Miguel, 11º E1




Os Resumos dos Maias não Substituem a sua Leitura

Carta de Recomendação



Olá Carolina,



Tout est bien avec vous? (Está tudo bem contigo?). Não estranhes eu escrever em francês, mas este ano, na escola, em português, lemos “Os Maias”.  
Eu sei, eu sei o que estás a pensar: “ah, esse livro que é super chato, que tem mais ou menos uma 1000 páginas e metade delas são descrições e a história é sobre dois irmãos que dormem juntos…”. Mas, como tua amiga, começo já por dizer que esse pensamento está completamente errado, esse e todos aqueles semelhantes a esse. Nesta obra de Eça de Queirós, são tratados vários assuntos que podemos relacionar com a atualidade e que vão mais além da história de amor dos dois irmãos, mas sem ser muito aborrecida. Vou explicar-te melhor. Eça, nesta obra, aborda temas como a educação. A propósito deste tema, quando leres o livro, irás perceber melhor o quão a educação influencia a sociedade e a vida da própria pessoa. Algo que eu achei bastante interessante foi que todas as personagens têm a sua própria característica, são todas diferentes e ao mesmo tempo iguais.
Eu conheço-te muito bem e sei que achas bastante maçadoras este tipo de obras, mas pensa assim: todas as descrições ajudam a perceber a história, e é bastante importante que leias o livro em vez de o trocares por resumos e filmes. É óbvio que esses ajudam, mas só depois de leres todo o livro.
Espero que gostes do livro e que te tenha ajudado com a motivação.
Au revoir,
et bonne chance avec la lecture



Beatriz Amoroso, 11º C1



Carta de Pedro da Maia a Afonso da Maia

Querido pai

            Gostava de me poder despedir de ti com dignidade, por exemplo partindo numa viagem para a América, mas sou fraco demais! Eu quero que as coisas corram sempre à minha maneira e, quando isso não acontece, deixo-me sucumbir e tenho dificuldade em levantar-me. Falta-me o amor da mãe, que partiu já há alguns anos… Gostava de a ter aqui… Seria tudo muito mais fácil, pois ela era o meu porto de abrigo… Sinto tanto a falta dela! Mas isso hoje acaba, porque vou ao encontro dela e ficarei com ela no paraíso, junto de Deus, num lugar onde não existe maldade, traição, mentira ou deslealdade.
A partir de hoje, já não tens que te envergonhar mais da minha existência, por eu ser a vergonha da família, aquele que ousou desafiar o pai e partiu com aquela a quem davam o nome depreciativo de “negreira”.
Gostava de não te ter contrariado, de ter sido o teu filho bem-amado! Devia ter-te dado ouvidos, pois sabes mais da vida do que eu! Se o tivesse feito, não estaria, agora, a sofrer desta maneira. Devia ter crescido forte, como tu, mas a minha mãe não o permitiu, pensando que, assim, afastaria de mim os males do mundo, como se fosse possível resguardar-me numa redoma protetora.
Se alguma vez encontrares Maria, diz-lhe que cometeu o seu maior erro… E diz à mais pequena que a amo… Agora, pai, quero-te pedir que cuides do meu Carlos, o meu único filho. Dá-lhe uma educação rija, forte, de maneira a superar qualquer obstáculo. Essa educação eu nunca saberia dar-lha, por isso parta descansado, deixando-o ao teu cuidado.
Despeço-me de ti com muito amor, sabendo que conseguirás superar mais esta dor, porque tens o teu neto amado, que irá crescer junto de ti com muito vigor.

Do teu filho que te ama muito
Pedro da Maia


Elvira Virlan, 11º E 1






Mensagem da Madame Gouvarinho a Carlos


Carlos,

Já perdi a conta às mensagens que te enviei, mas tu deixas-me sempre aqui no vazio, sozinha. Tu abandonaste-me! Já correm boatos acerca do teu caso com aquela Maria Eduarda, a brasileira, ou melhor, a notável "negreira". Tu trocaste-me por ela, foi isso que tu fizeste. Mas, Carlos, eu posso-te dar uma vida melhor, nós podemos fugir! Não me abandones, eu não aguento mais o Conde. Carlos, vamos fugir os dois, só os dois. Fico à  espera da tua resposta.
Sempre tua
condessa do teu coração?



Rafaela Dias, 11º E1

















A MINHA CIDADE

A MINHA CIDADE


Oito da manhã, a rotina começa,
 nas pastelarias onde se bebe o café,
Para o trabalho à pressa,
Vão as pessoas acelerando o pé.

Ao subir, vejo lojas ainda por abrir,
Vejo um jardim com flores a florir,
Os 151 acompanham a minha subida
E vejo um rapaz atrasado na corrida.

No cimo da Avenida uma escola primária,
Ao de cima vem a memória,
Das minhas brincadeiras de criança, melodiosa ária,
Que me faz recordar toda a minha história.

E, já cansado, encontro a minha energia
Numa igreja enorme e branca
Volto a descer e o lago lembra uma analogia
Com o Sol que brilha e pela rua avança.

E é o Cacém, no meio da contestação,
No meio de tanto confusão,
Mas é a minha cidade e será, sim,
Aquela que ficará na minha memória até ao fim.

Embora associado a assaltos e a má população,
O Cacém muda o cidadão, dá sentido à vida,
Esta pode parecer uma afirmação colorida,
Mas o Cacém está para ficar e esta poesia o prova.







Diogo Alves, 11º E 1




segunda-feira, 30 de maio de 2016

SMS de Ega ao Cohen





Cohen

Gostaria de esclarecer tudo acerca do suposto relacionamento, que tu dizes ter descoberto entre mim e a tua amada esposa. 
Portanto, só para começar, devo-te informar que isto tudo não passa de um mal-entendido, pois eu nunca tive ou terei qualquer relacionamento com a tua esposa. Aliás, oh Cohen, como é que, sequer, poderias pensar que  alguma vez eu poderia ser desleal contigo?
No entanto, se tiveres alguma dúvida ou continuares com essa tua ideia ridícula, podemos resolver tudo isto num duelo, no Rossio, à hora que desejares.


Lucas Vicente, 11º C1

Bairro Laranja do Cacém



Um Bairro Apelativo


Prédios laranja caranguejo,
Pátios mármore de cor singela,
Dois pombos namoram no telhado
Quando uma mulher sai a passear a cadela.


Bairro calmo e pacífico,
Ao longe lá se avista o campo,
O gado pasta devagarinho,
Com o moço atrás que o vem guardado.


Já passava do meio-dia,
E a rua andava deserta,
Não pelos calores que fazia
Mas pelo domingo em sesta.


Bairro laranja do Cacém
Um pontinho imaculado,
Que lentamente cresce
Num ponto mais elevado.

Diogo Henriques


11º C1



O Infortúnio abateu-se sobre a Casa do Ramalhete

Morte Súbita de Afonso da Maia


Ontem a tragédia abateu-se sobre a família Maias.
Perto do meio-dia, Baptista entrou, de rompante, no quarto de Carlos da Maia, a gritar que o avô estava deitado no jardim, sem se mexer.
Afonso da Maia foi encontrado morto, num recanto do quintal, sob os ramos do cedro, sentado no banco de cortiça, tombado sobre a tosca mesa, com a face caída entre os braços. O chapéu desabado rolara para o chão; nas costas, com a gola erguida, conservava o seu velho capote azul.
Valeu a Carlos da Maia o facto de poder contar com o apoio de Ega, o seu inseparável amigo, pois, com a morte do avô, Carlos sentir-se-ia muito sozinho, por não contar mais com os braços de Afonso para o proteger. Esta família tem sido muito afetada por mortes, aliás, Carlos parece que nasceu sob o signo da morte, tendo ficado órfão de pai logo em criança (Pedro da Maia não suportou o abandono da mulher e suicidou-se) e sendo atingido, agora, com a do seu avô, Afonso da Maia.
Será que o Ramalhete estará mesmo atingido pelo peso de uma lenda? Como será a vida de Carlos, de ora em diante?
Continuará a viver no Ramalhete? Irá exercer a sério a sua profissão de médico? Esperamos que não desista de pôr em prática os seus conhecimentos, contribuindo para melhorar a saúde do nosso povo.
Ao nosso doutor, os nossos sentidos pêsames.


Zaida Condessa, 11º E1







Carta de Afonso da Maia ao seu neto

Lisboa, 15 de maio de 1877


     Meu querido neto,
           
            Quando leres esta carta, provavelmente já não estarei cá. Terei partido para um lugar diferente daquele em que vivemos, onde as pessoas não vivem da ociosidade e da corrupção, da mentira e da fraqueza. Enfim, num mundo sem a nossa sociedade.
            Após a morte do meu adorado filho Pedro, uma enorme desilusão apoderou-se de mim. Sofri, em silêncio, os anos passados na sua ausência, desde que ele se casou contra a minha vontade e partiu para Itália, com a tua mãe, mais conhecida como a “negreira”. A sua educação superprotetora, a morte de sua mãe e a fuga de Maria com o italiano foram os motivos da sua desgraça. Quando Maria o abandonou, o meu querido filho veio pedir-me perdão e trouxe-te com ele. Observando os teus olhos, iguais aos dele, ergui-te nos meus braços e percebi que eras a minha responsabilidade, que tinha de cuidar de ti, proporcionando-te aquilo que não consegui proporcionar no passado ao teu pai: uma boa educação, à inglesa.
            Entretanto, os anos foram passando, cresceste, fizeste-te um verdadeiro homem, lutaste pelos teus desejos e ambições, tiveste muitos romances e aventuras pelo mundo, viveste a tua vida como sempre idealizei, até ao momento, em que te apaixonaste pela tua própria irmã, afundando-te na tua desgraça. Pedi que te seguissem, pois quis acabar com esta angústia, que a cada dia era maior. Noites passadas fora de casa. Noites passadas com a tua irmã. Noites passadas a fazer a cama onde hoje te deitas.
            A minha jornada está próxima do fim, mas a tua não, Carlinhos, ainda tens muita vida pela frente. Nunca te esqueças da educação que tiveste, de todas as pessoas que te acompanharam e apoiaram, de mim, que não desisti de ti, quando o teu pai te deixou nos meus braços. Ainda existe tempo para mudar o futuro, para evitar erros e tragédias. Ainda existe tempo para contares a verdade a Maria Eduarda. Ainda existe tempo, e o tempo cura tudo.

Teu avô: Afonso da Maia

Rita Pereira, 11º C1


Encantos do Cacém

É da janela do meu quarto
Que eu admiro, com espanto,
Este Cacém imenso,
Que tem sempre muito encanto!

Na avenida dos Bons Amigos,
Eu passeio sem fim,
Quando me canso,
Sento-me no seu jardim.

No jardim da Anta,
Veem-se crianças a brincar,
Com tantas árvores e sombras,
Aqui eu consigo repousar!

Tal como Cesário Verde,
Também eu admiro o povo,
Com o Cacém,
Vou sonhar de novo!

Na Escola Secundária Ferreira Dias,
Os estudo vamos melhorar,
Estudando aqui, com certeza,
Um bom futuro podemos assegurar.

No Cacém, há tantas coisas boas,
Que dias eu levaria a dizer,
Bem como boas pessoas
Ajudando este poema a fazer!


Tiago Pereira, 11º C1



No Cacém

Cacém


Às 8 horas, no Cacém,
Aquela grande agitação,
Que nos aflige o coração
E o da nossa mãe também.




Boa escola, filho!
Diz ela com esperança,
Que ele chegue em segurança,
Seguindo o seu habitual trilho.




Desço a Marquês Pombal,
Pensando que podia ir de skate,
Mas a queda existe,
E depois preciso que alguém me endireite.




Chegando à escola,
Olho para o amor da minha vida,
Amor que chega a mais de um giga.
E que não cabe na sacola.




Já no largo dos bêbados,
Eles fazem fila para a tasca,
Vejo tantos “à rasca”
Para ao vinho contar segredos.




Ao final do dia,
Os trabalhos não acabam.
Os alunos com eles contam,
Para não perder a via.




Fico à espera do pai,
Com um pouco de ansiedade,
Pois já há saudade,
Que imponha a sua lei.





Daniel Oliveira, 11º C1









Versos de Pedro da Maia a Maria Monforte

A ÚLTIMA CARTA DE PEDRO DA MAIA PARA MARIA MONFORTE (NUNCA ANTES LIDA)


A vida não se conta por dias,
Mas, sim , por momentos,
Nas minhas palavras baldias,
Surgem os meus lamentos!

Figura bela e sensual,
Com finos cabelos de oiro,
A vestir és divinal,
Só usas casacos de coiro!

Este poema é cruzado,
Remete para os meus pensamentos,
Serei sempre ignorado,
Mas hoje acabam os aborrecimentos!

Agora, fugiste de mim,
Tudo se resume num medo,
O poema chegou ao fim,
Vai para o inferno com o Tancredo.          

         

 Luís Niza, 11º E1