segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio

 



                Na visita de estudo da turma do 12º C3 à Casa Fernando Pessoa, no dia 27 de outubro, de 2022, alguns alunos, junto ao rio Tejo, declamaram o poema de Ricardo Reis "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio". 
     Ricardo Reis é um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa, tendo sido imaginado de relance pelo poeta em 1913, quando lhe veio à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Nasceu no Porto, estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e, por ser monárquico, expatriou-se, espontaneamente, após a vitória da revolução republicana, em 1910, indo viver no Brasil.
            O poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio" é o mais representativo da filosofia de vida deste heterónimo. O eu lírico, mostrando consciência da efemeridade da vida e da impossibilidade de voltar a vivê-la, uma vez que o “fado” tudo controla, convida Lídia a enlaçarem as mãos, ficando sentados à beira do rio e entregando-se à fruição amorosa serena,  uma vez que a vida é breve. Contudo, logo a seguir, diz à destinatária para desenlaçarem as mãos, pois é preciso evitarem os grandes desassossegos para escaparem à dor da separação, quando um deles morrer. Faz, então, um convite à fruição amorosa tranquila, espiritual, evitando os excessos do amor físico. É valorizada a máxima do “carpe diem”, colhendo-se o “perfume” do momento e evitando-se o conhecimento das realidades dolorosas.
            Na conclusão do poema, é apresentada a justificação para o modelo de vivência amorosa defendido pelo poeta: se um deles morrer antes, o outro não terá que sofrer por isso, uma vez que viveram um amor inocente, sem excessos.
            A frequência do imperativo e da primeira pessoa do presente do conjuntivo, com sentido exortativo, põem em evidência a função apelativa da linguagem, que predomina ao longo do poema. O sujeito poético procura “converter” a mulher amada à sua filosofia de vida, julgando construir, assim, a dois, a felicidade possível. No final, chega à conclusão que a melhor opção de vida consistirá na contenção estoica das emoções (recusando-se o prazer) para se escapar ao sofrimento. O eu lírico mostra consciência intensa da brevidade de tudo e da perpétua ameaça do tempo que corre, adotando uma ética da aceitação total em relação às realidades da vida que não se podem alterar. 
            No poema, é possível estabelecerem-se analogias com a poesia do ortónimo, por exemplo no facto de o sujeito poético sobrepor a razão à emoção, estabelecendo uma norma de vida que obedece a uma ética calculada, ou seja, organizada intelectualmente. As próprias ideias do “rio”, como símbolo de passagem da vida e da infância como idade ideal estão presentes na poesia do ortónimo. Outra semelhança verifica-se no facto de os versos serem dirigidos a uma mulher (em Fernando Pessoa, essa relação é expressa, por exemplo, nos versos “Quero-te para sonho / não para te amar”, correspondendo à expressão de um amor platónico). Por outro lado, a carência de ideias dogmáticas (a ausência da fé), revelada nos versos “(...) não cremos em nada, / Pagãos inocentes da nossa decadência”, pode comparar-se com o verso do ortónimo “Não procures nem creias: tudo é oculto!”.
             Finalmente, tanto Fernando Pessoa ortónimo como Ricardo Reis têm em comum o paganismo, Reis, por exemplo quando diz “a vida vai para lá dos deuses”, ou “Pagãos inocentes...” e Fernando Pessoa, quando, numa carta a Adolfo Casais Monteiro, fala do seu “paganismo essencial”.

 

Carla Luvambano, Letícia Fernandes, e Ariana dos Reis, 12º C3

novembro de 2022

 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Os Caminhos de Fernando Pessoa

 




            Na visita de estudo à Casa de Fernando Pessoa, foi feito, também, o Roteiro Pessoano, que incluiu o Largo de S. Carlos, Teatro Nacional de S. Carlos, Largo do Carmo, A Brasileira (café) e o Martinho da Arcada (café / restaurante).

           Fernando António Nogueira Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888, em Lisboa, no quarto andar esquerdo do número 4 do Largo de São Carlos. Os primeiros anos da sua vida são passados em Lisboa e resumidos a perdas, pois o seu pai e o seu irmão faleceram. 

            Após a sua chegada da África do Sul, o poeta morou em diversos apartamentos na zona de Lisboa, um deles localizado no Largo do Carmo. É nesta altura que se dedica à tradução de correspondência comercial, profissão que desempenha toda a sua vida.

                    Fernando Pessoa frequentava vários sítios públicos, entre eles “ A Brasileira “ e o “ Martinho da Arcada “, onde se sentava sozinho ou com os seus conhecidos da escrita e se inspirava para escrever os seus poemas e textos. Ambos os cafés homenagearam o poeta. A Brasileira tem uma estátua de Pessoa na sua entrada e o Martinho da Arcada tem uma mesa com o seu nome ( a mesa do canto que ele costumava utilizar ).

        É na sua última morada (Campo de Ourique) que se encontra a sua casa-museu, o ponto principal da visita de estudo. Reconstruída e remodelada, a Casa de Fernando Pessoa encontra-se aberta para se visitar e entrar no mundo Pessoano. É nesta casa que se podem ver alguns dos objetos que pertenceram ao poeta, bem como a sua enorme biblioteca, que contém livros sobre as mais diversas temáticas. Além dos seus pertences, é possível ver a disposição original da casa e um piso dedicado aos seus heterónimos principais, que acabaram por também morar nesta casa, com Fernando Pessoa e os seus parentes. 


Leonor G. Santos, Margarida Minga e Maria Pires, 12º C3

novembro de 2022


Memórias de Fernando Pessoa

         


        A fotografia mostra um prédio de 4 andares, situado no Largo de São Carlos, mas este não é um prédio qualquer. Neste prédio nasceu Fernando Pessoa, um dos maiores poetas da História da Literatura Portuguesa.
        No dia 13 de junho de 1888, em Lisboa, por volta das 15h20, no 4º andar do prédio ilustrado na foto, nasceu Fernando Pessoa. Trata-se de um prédio ilustre, situado no Largo de São Carlos, em frente ao belo teatro de São Carlos. Na fotografia, as cores mais presentes são o branco, o creme e algum azul. O branco é a cor do chão, presente na foto e nos detalhes do prédio, o creme é a cor da fachada do prédio e o azul é a cor das janelas. Na foto, conseguimos observar 39 janelas e apenas uma porta e, no canto inferior direito, conseguimos ver uma estátua castanha, de Fernando Pessoa, com um livro na cara, representando o que Pessoa mais gostava de fazer, ou seja, ler e escrever, e também todos os poemas e toda a história de Pessoa na Literatura Portuguesa. Esta estátua também está localizada exatamente à frente do prédio onde Fernando Pessoa nasceu. O prédio é relativamente normal, comparando com os outros prédios de Lisboa.
        O nascimento de Fernando Pessoa foi exatamente no feriado de Santo António (13 de junho), o que também levou ao seu segundo nome ser António, tal como o Santo.
        Segundo Álvaro de Campos, a casa onde nasceu Fernando Pessoa era uma casa sossegada junto ao rio, da qual dava para ver-se, da janela do seu quarto e da casa de jantar, o Rio Tejo. Segundo Pessoa,  recordar a vida neste prédio alegrava-o e entristecia-o, devido à nostalgia causada pelas memórias boas e más.
        Em suma, a fotografia mostra-nos o prédio onde Fernando Pessoa nasceu, um prédio “normal” e sossegado, em frente ao teatro de São Carlos e com vista para o rio Tejo, pintado de cores claras, que realçam a pureza.

Rodrigo Dias e Diogo Reis, 12º C3
novembro de 2022

PASSOS ATÉ UM POETA

 




Tranquilo Cavalo de Ferro,
A juventude, a animação, prometem,
A hora de ponta ao silêncio remete,
Trabalhadores mudos eu enterro.


Pelas ruas de Lisboa caminhamos,
Rodeados de marcas de um poeta,
Perto da Brasileira, Pessoa, de pedra lisboeta
E, em baixo, a sua origem contemplamos.


Enquanto passamos pela igreja,
Sentimos falta do sino da nossa aldeia,
A ausência da nossa alma ateia
Voltar àquele local deseja.


Descendo as ruas até ao rio,
Cada vez mais perto da passagem da vida,
25 de abril a revolução convida,
Vendo Cristo Rei em meio de um nevoeiro frio.


Os elétricos cruzam as ruas,
Assim como Pessoa o fazia a pé,
E, para tomar o teu último café,
No Martinho da Arcada tu desaguas.


Sai uma velha de uma loja de grife,
Enquanto mendigos pedincham dinheiro,
Já nós, num passo ligeiro,
Aproximamo-nos do teu esquife.


Depois de tanto tempo a andar,
À tua casa chegamos,
Onde, finalmente, sossegamos
O anseio pelo teu saber de pensar.


Nesta, retratos da tua vida
E lembranças que vieras a citar
Nos poemas que enchem este lugar
Sentimos a tua escrita sentida.


Na tua biblioteca rica em livros,
Presenciamos a tua vasta sabedoria
E encontraste com esta, a alegria,
Na pobreza obtendo verdadeiros prémios merecidos.

Ana Rita Neves, nº3
Daniela Alegria, nº13
Margarida Luz, nº30
12º C3, novembro de 2022

A Cómoda dos "Eus" e o Dia Triunfal

         






            A fotografia apresentada mostra a uma divisão da Casa Fernando Pessoa, em Campo de Ourique. Esta divisão corresponde ao antigo quarto das crianças, da irmã, do cunhado e dos sobrinhos de Fernando Pessoa, espaço que foi transformado e no qual apenas hoje constatamos a existência de uma cómoda (original) e folhas de papel soltas à sua volta (representativas da diversidade de poemas e obras que o poeta escreveu).
            A razão da escolha desta imagem prendeu-se com o facto de, para mim, esta ter sido uma das salas que mais me impressionou na visita realizada à Casa Fernando Pessoa. Comparada com todas as outras salas existentes nos restantes pisos, tanto pela combinação de cores, luz e sons como, também, pela forma como estavam expostas, esta transportou-me para um lugar de tranquilidade, de imaginação e criação. É, sem dúvida, um lugar onde “se respira” literatura, cruzando uma infinita criação literária e diversidade de leitura.
        A cómoda, original de Pessoa, representa a diversidade e riqueza da sua escrita; pode, até, levar-nos a imaginar que as gavetas compõem o interior do escritor, bem recheadas com tudo o que ele representa, tudo o que ele foi, tudo o que escreveu e tudo o que idealizou (poeta, tradutor, publicitário, astrólogo, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português e muito mais).
        Esta sala tenta celebrar aquele que foi o dia mais importante para Pessoa. Representa o “nascimento” das suas 3 principais personagens (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis), principalmente de Alberto Caeiro, que ele considerava ser o mestre deles todos. Para ele, Alberto Caeiro é o ser mais perfeito, porque é o homem do campo, que é sensacionista, conhece o mundo usando os 5 sentidos e tenta não questionar a realidade. Ele considera que é o mundo exterior que nos pode levar à felicidade, prestando a maior das atenções a todos os elementos que o rodeiam, encantado com o pormenor, tratando cada coisa pela sua individualidade e não pela sua coletividade.
        E, portanto, o dia importante de Pessoa foi o "Dia Triunfal" e a provar este facto temos o conteúdo da carta que escreveu ao seu amigo Adolfo Casais Monteiro, Diretor da Revista "Presença", no último ano de sua vida. Nela, ele desvenda, pela primeira vez, todas as respostas às dúvidas que existiam sobre o seu processo de escrita e põe a nu todas as 136 personagens criadas, descrevendo esse dia como um fenómeno inexplicável em que, de repente, pega numa série de folhas em branco e numa caneta, debruçando-se, exatamente, sobre esta mesma cómoda, e diz que foi naquele momento que tudo aconteceu, escrevendo sem saber o que estava a escrever, como se estivesse em transe.
        E é naquela confusão de folhas espalhadas pela parede e teto daquele espaço que se homenageia aquele momento quase inesperado em que Pessoa, simplesmente, começou a escrever e a escrever sem parar.
        Resumindo e, aproveitando as próprias palavras do poeta, naquela sala vemos representado o “Dia Triunfal" da criação dos seus heterónimos ("Num dia em que finalmente desistira — em 8 de Março de 1914, acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé") e, assim, naquela cómoda, terá escrito ou terminado parte dos seus mais famosos textos.

Bruna Sofia de Oliveira Afonso, 12º C3
novembro de 2022

Lembranças Despertadas pelo Toque de um Sino

 


                                   

Poema “Ó sino da minha aldeia”


Ó sino da minha aldeia
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

        Durante a visita de estudo à casa Fernando Pessoa, realizada pela turma do 12º C3, da Escola Secundária Ferreira Dias, no dia 27 de outubro, um dos pontos de paragem foi a casa com a seguinte morada: n°4, do Largo de São Carlos, 4º andar, esquerdo, em Lisboa. Esta casa, situada entre o teatro de São Carlos e a igreja dos Mártires, no Chiado (ver imagem), corresponde ao local onde Pessoa nasceu e cresceu, sendo essa a razão pela qual optamos pela escolha do poema " Ó sino da minha aldeia", que terá sido inspirado no toque do sino desta igreja junto à qual muitas vezes o poeta terá passado.
        Este poema, escrito por Fernando Pessoa, foi publicado pela primeira vez no ano de 1914, na revista “A Renascença”. Nele, Pessoa revela os seus sentimentos genuínos, ao lembrar-se de um passado perdido, sendo considerado, por isso, uma representação de uma das suas temáticas, a nostalgia da infância.
        A leitura do poema levou-nos à reflexão da representatividade do "sino". Logo, no primeiro verso, é mencionado o sino da sua aldeia, por isso, acreditamos que o sino representa a dolorosa passagem do tempo e que a "aldeia" poderá simbolizar o espaço da infância, onde Pessoa nasceu e cresceu. Nas seguintes estrofes, o sujeito poético conta o impacto que o sino tem no seu estado de espírito, referindo que o seu simples toque estimula a sua memória, fazendo-lhe recordar a sua infância, despertando no seu interior uma certa melancolia e saudade desse tempo. Para além disso, faz, também, de forma clara, a distinção entre dois sinos: o sino que soa no espaço exterior, sendo ele o que ouve ao passar pela Igreja Mártires, e o sino que soa no seu espaço interior, isto é, na sua alma.
     Em suma, através do poema "Ó sino da minha aldeia" conseguimos ver a transparência dos sentimentos vividos por Pessoa: a saudade e a tristeza da perda de um tempo irrecuperável, onde o sujeito poético experimentou momentos de pura felicidade e despreocupação, em oposição ao presente, onde sente que é consumido pela angústia e extrema preocupação.

Beatriz Nascimento e Catarina Lopes, 12º C3
novembro de 2022

Deambulação pela Lisboa de Pessoa

 





            No dia 27 de outubro, a turma do 12º C3 realizou uma visita de estudo à Casa Fernando Pessoa, em Campo de Ourique, completada com a realização de um Roteiro Pessoano. 
            Começámos a nossa visita de estudo com a chegada à estação do Rossio. Assim que chegámos, pudemos observar um enorme largo com uma linda calçada, extremamente detalhada, e algumas lojas e restaurantes que libertavam um apetitoso aroma no ar. De seguida, fizemos uma leve caminhada em direção à “Brasileira”, um dos
cafés mais antigos na zona do Chiado e, coincidentemente, o café predileto de Fernando Pessoa. Neste mesmo café, na esplanada, pudemos observar uma estátua com a figura do autor, feita de bronze e  com uma textura arredondada e lisa.
        Antes da chegada à casa de Fernando Pessoa, realizámos, ainda, uma breve paragem na margem do rio Tejo para descansarmos e sentirmos o cheiro que o rio nos oferecia, ouvindo, também, o barulho dos barcos e observando as pessoas que lá passavam. Após uma exaustiva caminhada, chegámos à casa do poeta, onde ele residiu por mais tempo. Entrando na casa, dirigimo-nos à sala de estar, onde foi possível observar algumas fotos do autor, tal como alguns dos seus pertences e objetos alusivos à vida de Pessoa. Antes da entrada na sala onde estavam muitos dos textos do poeta, pudemos encontrar uma réplica da cama onde ele dormia. De seguida, subimos ao piso referente aos heterónimos do autor, onde observámos a máquina de escrita utilizada pelo poeta e alguns quadros referentes à sua pessoa. De imediato, descemos ao segundo piso, onde pudemos encontrar muitos dos livros do autor, escritos em diversas línguas.
        Deslocamo-nos, ainda, a um shopping, onde almoçámos uma refeição apelativa ao nosso paladar.
        Por fim, voltámos à estação do Rossio, terminando, assim, a nossa visita.

André Alexandre, nº 6, e Luís Figueiredo, nº 19,12º C3
novembro de 2022

ROTEIRO PESSOANO E VISITA DE ESTUDO À CASA FERNANDO PESSOA

 




            No dia 27 de outubro, realizamos a visita de estudo à Casa Fernando Pessoa, completada com  um percurso pelos locais da cidade  de Lisboa mais frequentados pelo poeta. 
            O ponto de partida foi a estação de comboios do Cacém, onde apanhámos o comboio até à estação do Rossio para, a partir daí irmos conhecer um pouco mais acerca da vida de Pessoa.
        Já na estacão do Rossio, começámos uma caminhada até chegarmos ao Lago do Carmo, uma praceta cheia de árvores e com muitos prédios à sua volta, na qual nos foi mostrado o prédio onde Pessoa habitou num quarto alugado. Depois de observarmos este local, andámos mais um bocado pelas ruas do Chiado, até ao café "A BRASILEIRA",  onde conseguimos tirar fotos, de perto, junto a  uma pequena estátua do poeta. Enquanto tirávamos fotos, sentíamo-nos desconfortáveis pois tínhamos muitas pessoas a observarem-nos.
Após termos passado e conhecido alguns sítios onde o poeta costumava passar o seu tempo, seguimos para a Casa de Pessoa. Pelo caminho, vimos centenas de trotinetes, uma das atuais características de Lisboa.
        Quando chegámos à Casa de Pessoa, tivemos uma visita guiada pelos três pisos que a constituem. O 1º piso era o apartamento no qual Pessoa habitou. Nele estão pertences do poeta e fotos da sua família, que com ele morou nesta casa. O 2º piso é uma biblioteca, na qual estão muitos livros da coleção do poeta, que foram sendo preservados até hojeNo 3º e último piso, encontram-se explicados os heterónimos de Pessoa em vários documentos. Também existe uma sala de espelhos no 3º piso, logo após a explicação dos heterónimos.
Com esta visita, aproximámo-nos, um bocado, daquela que foi a realidade de Fernando Pessoa e entendemos mais sobre os seus heterónimos.

André Figueiredo
Nuno Gomes
12º C3, novembro de 2022

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

UMA AVENTURA, CINCO SENTIDOS


Redação de um texto à maneira de Cesário Verde, reproduzindo o percurso realizado no decorrer da visita de estudo à Casa Fernando Pessoa.





    À saída da estação do Rossio, dei o primeiro passo de um demorado percurso. Deu-se, assim, o começo de uma aventura que mal sabia eu que estava por vir.
        Das nove e meia da manhã ao meio-dia, a aventura envolveu uma longa caminhada. A primeira paragem despertou em mim conforto. O toque, a textura, a conexão entre os meus dedos e a construção na calçada do Largo do Carmo amplificaram a minha noção da realidade. Até ao Largo de Camões, passeei, como quem está mais preocupado com o que pelo percurso vai visualizando. Um cheiro intenso atinge-me. À medida que me aproximo da Brasileira, sou inundada pelo aroma do café, sentindo todo o meu eu hipnotizado pelo odor que o lugar transborda. Senti-me de tal maneira assoberbada, ainda que no bom sentido, que obriguei os meus pés dormentes a moverem-se. 
       Já a contemplar o Teatro Nacional de São Carlos, os meus ouvidos recebem sons encantadores, ou serão estes sons criação dos meus ouvidos? Sem ter uma resposta concreta, permaneço no mesmo local por uns instantes, com receio de que, caso me mova, a melodia fique muda. O silêncio retorna e, agora de costas para o Teatro, dou de caras com o edifício onde nasceu Fernando Pessoa, emitindo um "Oh" de espanto, porque de banal nada tem. A análise detalhada do prédio e os olhares profundos partilhados entre mim e o quarto andar transportaram-me para 13 de junho de 1888. 
        No Martinho da Arcada, visualizámos, brevemente, os clientes satisfeitos enquanto consumiam maravilhosas iguarias. 
        Finalmente, a Casa Fernando Pessoa é especial, magnifique. Tratou-se de o tal caso de “o melhor para o fim”. Esta foi a paragem que me despertou todos os sentidos, que se puseram em sintonia para captarem todas as perceções possíveis de absorver.
        Andei tão pouco que terminei a aventura sem pés... Coitadinha de mim! Na realidade, as paragens proporcionaram-me tempo de recuperação física, de assimilação mental e ativação de sentidos, atraindo-me e permitindo-me experienciar devidamente o que perante mim se encontrava.


Paragem 1: Construção situada na calçada do Largo do Carmo.

Paragem 2: Café "A Brasileira", localizado no Largo do Chiado, na Rua Garrett.

Paragem 3: Teatro Nacional de São Carlos, situado no Largo de São
Carlos.

Paragem 4: Edifício no qual nasceu Fernando Pessoa, no 4º andar, localizado em frente ao Teatro Nacional de São Carlos.

Paragem 5: Café "Martinho da Arcada", situado na esquina norte da Praça do Comércio.

Paragem 6: Casa Fernando Pessoa, localizada na Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique.


Trabalho realizado por: Ana Sofia Cardoso, nº 4, e Andreia Neto, nº 29

12º C3, novembro de 2022

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Galeria Fidelidade Arte

 



    A imagem mostra uma fotografia da Galeria Fidelidade Arte, localizada na baixa do Chiado, sob um céu levemente nublado.
    A entrada para a galeria está decorada com uma calçada que apresenta símbolos clássicos de Lisboa. Ao lado da calçada, está a sinalização de uma estação de metro, de onde se observa o movimento constante de pessoas que entram e saem, ocupadas com os seus afazeres. 
    A entrada da galeria é revestida por pedra rústica, de cor bege. Esta entrada é encimada por um arco grandioso sobre uma porta de vidro. As janelas do edifício de três andares, sete das quais localizadas na parte frontal, são altas, estando protegidas com grades de ferro, esverdeadas. No topo do edifício, veem-se duas torres que acrescentam mais um andar, formando um terraço entre elas. No centro do edifício, está um relógio analógico (cujos ponteiros, no momento da fotografia, indicam nove horas e quarenta e cinco minutos) cercado por um quadro de bronze com desenhos nos cantos, semelhantes a andorinhas. 
        Concluindo, este edifício tem um estilo clássico lisboeta, contudo com uma arquitetura muito simples para uma galeria contemporânea de artes, na famosa Lisboa.

Dayane Mestre
Guilherme de Deus
Nileide Monteiro
12º E, novembro de 2022

LISBOA A PRETO E BRANCO

       




         Na imagem apresentada, observa-se a cidade de Lisboa de um ponto relativamente alto.
        Inicialmente, a fotografia foi tirada a cores, mas, logo a seguir, foi transformada numa imagem a preto e branco, dado que uma imagem a preto e branco dá asas à imaginação, por não se conseguirem ver muitos pormenores, sendo, assim, necessário imaginá-los.
         De que cor são os prédios? E os carros? Como estaria o céu neste dia? Através da imagem a preto e branco, podemos imaginar todos estes pormenores.
        Na imagem, conseguimos ver a ponte 25 de Abril, Alcântara, Rossio, em suma, inúmeros espaços revestidos de histórias de tempos antigos. Passando por estas ruas, podemos observar de tudo: crianças a brincar, pássaros a voar, velhotes a conversar.... É uma cidade bonita, cheia de vida e histórias para contar.
         Quando as crianças brincam e as ouvimos brincar, a nossa alma alegra-se e toda aquela infância que não tivemos vem numa onda de alegria, porque a infância é considerada um tempo de alegria e diversão, onde prevalece a felicidade e a inocência.
        Vermos velhotes a passear de mãos dadas nos jardins, faz-nos questionar: “Será que também vamos ser assim?”. Tanto a infância, como a velhice, nos traz algum tipo de nostalgia, nostalgia do que já vivemos e do que ainda estamos à espera de viver.
        Nesta imagem, as cores têm o poder de trabalhar com as emoções do observador. Consciente ou inconscientemente, a composição cromática influencia o modo como alguém define a imagem. Nas cores preto, branco e cinza, identificamos as sensações e associamo-las às nossas memórias. O preto é a cor do absolutismo, do poder, mas o branco transmite o oposto, tornando-se a personificação da pureza e delicadeza e ampliando os sentidos de espaço e perceção, e o cinza, a cor mais presente em toda a imagem monocromática, representa a estabilidade e o equilíbrio.


Ana Raquel Palminha
Joana Cardoso
12º C3, novembro de 2022

domingo, 4 de dezembro de 2022

A BRASILEIRA DO CHIADO

 


            A Brasileira é o coração pulsante do Chiado, um tesouro literário, arquitetónico e artístico, que faz parte da história da cidade de Lisboa. 
            Entrar na Brasileira do Chiado é como fazer uma viagem no tempo, é um dos mais antigos e o mais emblemático café de Lisboa.
A imagem é um fotografia recente e retrata um café histórico de encontros e de tertúlia literária de muitos escritores, pintores, políticos e pensadores. Foi, também, frequentado pelo grupo do Orpheu, ao qual pertenceu Fernando Pessoa.
            A fotografia mostra uma fachada na qual se abrem três portas envidraçadas, encimadas por uma escultura em estuque envolvida por motivos vegetalistas, que representa uma figura masculina a beber café. Na esplanada do café, encontra-se a figura em bronze, da autoria de Lagoa Henriques, que representa o poeta Fernando Pessoa.
            A assiduidade de Fernando Pessoa, que fazia da Brasileira a sua casa e onde tanto gostava de se inspirar para mais um poema e de se deliciar com um "Bife à Café", motivou a inauguração, em 1988, por ocasião do centenário do nascimento do poeta, da sua estátua em bronze, uma das mais fotografadas de Lisboa.
            Na Brasileira, Fernando Pessoa continua a alargar as fronteiras da sua obra a partir do lugar onde criou tantos e tão marcantes, poemas. Orgulhosamente português, o poeta que, silenciosamente, ocupava a esplanada terá na Brasileira do Chiado, para sempre, o seu lugar cativo, como mais ninguém.
            Esta imagem representa o ponto mais interessante e bonito de se ver  ligado à obra de Fernando Pessoa e ao Roteiro da visita por Lisboa,  uma vez que é sempre mencionada a presença do poeta, sentado na esplanada deste café emblemático,  quando se faz o seu estudo, sendo também destacado  o facto de o autor ter escrito um poema ("Ó sino da minha aldeia") inspirado na igreja "BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES", localizada neste local do Chiado, mesmo em frente da Brasileira.


Aline Sabino N*2
Carolina Prata N*11
12ºC3, novembro de 2022




DESTINO QUE É A NOSSA LISBOA

Com destino à nossa Lisboa,
o ponto de partida onde nos encontrámos foi o Cacém,
locomotiva que nos move
e, se não apanharmos chuva, vamos bem!


Estando no comboio,
observam-se pessoas que seguem a sua vida quotidiana,
levando as crianças para a escola ou indo trabalhar,
pois a vida do português é feita para não parar.


Durante a curta viagem,
no céu negro me perco,
procurando decifrar o tempo incerto...
Música ecoa nos meus ouvidos
e as notas trazem a minha felicidade, ao certo!


Chegados a Lisboa,
oh, que vista maravilhosa esta é!
Castelo de São Jorge, monumento monumental,
Traz de volta à vida história e fé!


Lisboa continua, decerto, intemporal:
pessoas apressadas dentro das ruas estreitas, 
trabalhando com furor,
seja em lojas ou restaurantes,
dão à cidade o seu famoso fervor!


Aromas sobem pelo ar,
apimentados, doces, salgados...
é uma dança maravilhosa
que acompanha bem os nossos pratos pescados!


Chegando à estátua de Pessoa,
que olhar tão carismático!
O poeta passa memórias de milhares de versos,
cantados pelo vento, de um modo enigmático. 


Pressente-se a proximidade do rio,
a artéria de Lisboa chamada Tejo...
O brilho do sol reflete-se no espelho d’Água,
Espalhando azul por tudo quanto eu vejo!


Praça de Comércio principal
É o Terreiro do Paço,
Estátua imponente surge do solo,
Mantida por vidas e memórias desta nossa capital.


Neste Terreiro que bem vejo,
Sinto o desejo mundano de ir à procura de aventuras,
Aproveitando o bocejo do temporal
Que é típico desta época sazonal.


Lenta e, progressivamente, 
me inspiro no andar e correria dos cidadãos, 
pois cada um leva a um caminho diferente,
conduzindo a um patamar para a imaginação,
que pode ser escrito em poesia,
Bela como a maresia!

Cheiro tradicional e típico espalha-se pelo ar
amargo, forte, belíssimo, tentador:
é o café, bebida mandatária,
que acaba com o sono e manda embora a dor.
Tal cheiro amargo é analogia para os guerreiros 
e vidas que ergueram Lisboa
de um modo valente que ainda hoje soa.

Lisboa é pico do mundo, capital das descobertas,
e, mesmo após as ruínas criadas pelo terramoto, in tremor dei,
esta nossa cidade levantou-se
para que novas vias fossem abertas.
Tais vidas e memórias e angústias podem ser sentidas, 
Pelas homenagens que se lhes prestam sempre merecidas.


Chegados à Casa de Fernando Pessoa,
observámos este local interessante,
no qual nos detivemos sem ir mais por diante!
Neste espaço se reproduz uma vida atravessada por versos
e livros que foram a companhia eleita de todos os dias.


Folhas escritas até onde a vista alcança,
uma biblioteca exorbitante,
quadros com cores dançantes e vividas
dão distinção a este homem interessante!
De renome e enorme talento, 
elevou o charme português 
a diferentes pontos do mundo 
e por tal patriotismo tenho a agradecer
a Fernando Pessoa,
o grande poeta de Lisboa. 


Alexandre Daniel Alvarez Dias 
Daniel Filipe Antunes
12º C3, novembro de 2022



terça-feira, 22 de novembro de 2022

Passeio pela Lisboa de Pessoa


 

       Para se aprofundar o estudo da obra pessoana, no dia 27 de outubro do ano corrente, realizou-se uma visita de estudo com as turmas E e C3 do 12º ano à Casa Fernando Pessoa, que incluiu a realização de um Roteiro de Pessoa pela cidade de Lisboa.
       O passeio pela Lisboa de Fernando Pessoa teve início na estação do Rossio, tendo-se seguido para o Largo do Carmo, local no qual o poeta viveu num quarto alugado. Prosseguimos em direção ao Largo do Chiado, onde pudemos usufruir da companhia do poeta, tomando com ele um café na icónica esplanada da Brasileira.
    A meio da trajetória, parámos no Largo de São Carlos, sítio onde Fernando António Nogueira Pessoa nasceu, mesmo defronte do Teatro Nacional de São Carlos.
    Em seguida, iniciámos a nossa caminhada até Campo de Ourique, rumo à Casa de Fernando Pessoa, a atração principal. Ao longo de três pisos, a exposição está organizada em “capítulos”. No primeiro, “Os heterónimos”, é dada a conhecer aos visitantes a génese da criação dos vários "Eus" do poeta.  Aqui estão, também, em destaque obras de arte em que Fernando Pessoa é representado, como o quadro de Almada Negreiros. No segundo capítulo, encontra-se a
Biblioteca Particular, que ocupa um lugar central na exposição (sendo considerada o coração da Casa), classificada como Tesouro Nacional, revelando como Pessoa foi uma das presenças mais importantes na literatura portuguesa. Conta-se, também, aqui, como era a vida artística na cidade de Lisboa, nos anos em que viveu Pessoa, e dão-se a conhecer as suas ocupações e os textos (seus e de outros), que publicou em vida.
    Apesar da longa caminhada, sem fim visível, conseguimos desfrutar bastante do passeio, ficando a conhecer Lisboa pela perspetiva de Fernando Pessoa e, assim, alcançando a nossa meta final de aprofundar o nosso conhecimento sobre a obra pessoana. 


Fedra Filipa Delgado Gomes da Silva, 12º E, novembro de 2022

Ribeira das Naus

      




         A Ribeira da Naus é um dos espaços mais interessantes de Lisboa, com uma vista ampla, espaço ajardinado e uma escadaria considerável, que se estende em direção ao rio Tejo. 
        Esta área liga o Cais das Colunas, na Praça do Comércio, ao Cais do Sodré. Para ficar mais confortável, a Ribeira das Naus tem um quiosque e uma esplanada para aproveitar ao máximo a luz de Lisboa e o pôr do sol mais impressionante da cidade.
       Nesta foto, é possível verem-se as ocupadas ruas de Lisboa, que se mantêm com um constante tráfego de pessoas e automóveis, mesmo durante uma manhã de semana. Ao longe, conseguimos avistar as duas colunas da Praça do Comércio e, ainda, a Doca da
Marinha de Lisboa, onde se encontra um belo cruzeiro no terminal de cruzeiros do Jardim do Tabaco.
        Do lado esquerdo da imagem, vê-se um edifício azul, sendo o antigo Arsenal Real da Marinha, que foi reconstruído depois do terrível terramoto de 1755, mas é atualmente mais conhecido como a Doca da Caldeirinha, estando atualmente aberto ao público para visitas.
        Esta fotografia mostra uma das mais belas ruas e vistas de
Lisboa, no seu dia a dia.


Diogo Santos
Gonçalo Gonçalves
Rúben Duarte

12º E, novembro de 2022

ROTEIRO PESSOANO

 


No dia 27 de outubro,
Fomos a uma visita a Lisboa.
Percorremo-la toda,
Até chegar à casa de Pessoa.


Às 8h30 estávamos na estação,
Prontos para seguir a nossa direção.
Ouvimos o comboio chegar…
Meu Deus! Estava a abarrotar.

Uma rua íngreme subimos,
Até ao Largo do Carmo, onde o poeta viveu.
Para o Largo de São Carlos prosseguimos,
Local onde Fernando António Nogueira Pessoa nasceu.

Percorremos o Chiado,
O famoso ponto de encontro de artistas.
E, no café “A Brasileira”, onde Pessoa está estatuado,
Encontrámos uma multidão de turistas.


E já a meio da manhã,
Deparámo-nos com a igreja cristã.
Uma inspiração do poema “O Sentimento dum ocidental”,
De Cesário Verde, um observador acidental.

Tuc tucs de um lado para o outro,
Como se fosse um mundo louco.
Ainda vamos passar pelo Largo de Camões,
Uma praça repleta de paixões.

De frente para o rio, citámos um poema
Que transbordou uma paz extrema.
Para a Praça do Comércio foi o nosso próximo caminho,
Onde, finalmente, avistámos, o café Martinho.

Uma hora a andar ainda tínhamos pela frente,
Casas antigas e ruas sem fim…
Um convívio alegre e diferente…
Chegámos à casa de Fernando Pessoa, até que enfim!

Uma casa com três andares,
Com tanta história que nos fez perder os ares!
O quarto, onde passou muito tempo a escrever.
A biblioteca com livros de diversas línguas a compreender.

Por fim, um terceiro andar cheio de informação.
Longas e antigas cartas para ler
E quadros de grande dimensão.
A 30 de novembro de 1935, Pessoa acaba por ali falecer.




Ana Sofia Castro, nº2
Marisa Baptista, nº22
Rita Gomes, nº26

12º E, novembro de 2022

Deambulação Pessoana

 


Neste ambiente de claustrofobia
Onde encontro tal agitação,
Rege em mim um sentimento de euforia,
Ao prever a minha chegada junto da escuridão.


Reencontro a alforria no destino final
Mediante as vigorosas portas da linha-férrea.
Vejo-me, encontro-me no centro da Sede de Portugal,
Em busca do visionário de escrita etérea.

Aqui estás tu com todo o teu vigor,
Num café de histórias a traçar a tua história,
Escrevendo poemas que não paraste de compor,
Que te levariam aos dias de glória.

Nasces no quarto andar,
De frente a um teatro,
Que coincidência é vires a encarnar
tantas pessoas que idolatro!

No café à beira do continente,
Em que recebemos a tua última Mensagem,
Onde tiveste o teu último café, doente,
Escrevendo poemas que não se vão embora à tua passagem.

Neste percurso doentio de subidas infernais,
Tortura que me levará ao propósito desta jornada,
Ladeiras que acredito serem demais
Fazem-me temer que o esforço não valha nada.

Ah, Pessoa de tantas pessoas,
De frente para o teu palácio estou abismado,
Local onde escreveste invictas palavras e páginas,
Faz-me desejar ter estado aqui no passado.

Aqui, onde fingiste tantos sentimentos,
Onde quiseste ser inconscientemente consciente,
Onde te refugiaste dos teus pensamentos,
Aqui percebi que toda a ambulação foi suficiente.



Maria Santos, nº20
Mariana Luz, nº21
12º E1, novembro de 2022



A cidade de Álvaro de Campos



    Que sentiria Álvaro de Campos, se pudesse ver, nos dias de hoje, 
a Lisboa que sempre tanto adorou?
    Ao ver a grandiosa e moderna Lisboa assim, cheia de invenções e artimanhas a explorar… decerto que a exaltação e o pasmo atingiriam um nível extremo, passaria horas a saltar de canto para canto, a espreitar e a tentar incluir tudo no seu campo de visão.
Oh, que entusiasmo para começar a escrever! Na sua típica aceleração, iria querer visitar todos os lugares por onde sempre andou.
    Assim, no Largo do Carmo, encontraria a faceta familiar da Igreja do Carmo, mas, ainda muito mais importante, toda a nova arquitetura, cafés, lojas e tantos outros edifícios que tomaram conta da cidade. Tantas pessoas, tantos novos costumes. Passaria, então, pelo Largo de São Carlos, onde se relembraria da sua velha casa, ao pé do rio, onde nasceu. 
    Sentimentos de vulnerabilidade e de nostalgia tomariam conta de si, porém, não se deixaria atrapalhar, havendo muito mais para ver. Andaria até ao Largo do Chiado e, para seu espanto, no meio de tanta inovação, o seu velho café, A Brasileira, ainda existe, que espanto! Como sobrevivera tal local, no meio de tanta modernidade?! Reconfortante, no entanto, pois sempre escreveu e conviveu lá. E a Basílica de Nossa Senhora dos Mártires? Ah, os sinos! Som da sua infância. A Baixa: tanto para dizer, tanto para sentir! Onde trabalhou tantos anos, na rua onde se encontram a sua prezada tabacaria, o seu restaurante. 
    As emoções sobrecarregam-no. Que será feito de sua velha inimiga, Ofélia? Enfim, terá, claro, de ir até à Praça da Figueira, “Lugar inexplicavelmente belo”, pensa para si. Ao passar pelos velhos Café Nicola e Martinho da Arcada, não consegue deixar de se questionar como perduram no meio da amálgama da atualidade. Obviamente, o seu querido Tejo ainda existe, e esse, sim, tem sentido de existir.

“Aproveitar o tempo!
Ah, deixem-me não aproveitar nada!
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!...
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras,
O pião do garoto, que vai a parar,
E oscila, no mesmo movimento que o da alma,
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino.”

Álvaro de Campos, “Apostila



Lídia Tavares e Nuno Vicente, 12º E, novembro de 2022

Pelas Ruas da Grande Lisboa



Andava eu pelas ruas da grande Lisboa,

Mais um dia na vida de um simples cidadão,

Como quem desfruta de uma vida boa

E não tem peso no coração.


Tudo começou na estação,

Espaçosa e repleta de calçada,

As saudades que eu tinha daquela visão,

Avistei ali uma idosa debruçada.


Começámos a andar,

Ouviam-se os adolescentes todos animados,

Que alegria senti de lá voltar,

Viam-se os típicos prédios nunca antes renovados.


Descemos a rua à nossa frente,

Padaria com cheiro a pão fresco,

Mas logo chegámos a uma subida deprimente,

Até que avistei algo gigantesco.


Era uma das primeiras casas de Fernando Pessoa,

Simples e típica, silêncio se fez,

Admiração por aquela vista boa?

Decerto que os meus olhos satisfez.


Continuámos a andar pelas estreitas ruas,

Andámos pela Rua Garrett,

Um chão cheio de ranhuras,

Para alguns de nós aquilo já era um frete.


Chegámos à estátua de um senhor perdido em seu pensamento,

Ali a vida parecia não acabar,

Pois aquele monumento

O passado estava a preservar.


Verde e desgastado,

Ao lado das esplanadas,

Ali o senhor sentado,

No centro de pessoas animadas.


Não acabou aqui a nossa viagem

Mas aqui paro de escrever,

Têm de ver aquela paisagem,

É algo muito bom a não se perder.



Guilherme Gomes nº13, 12º E, 2022

Lara Cunha nº17, 12º E, 2022