Depois de três longos anos sem ver a minha mãe, o dia da minha viagem para Portugal foi marcado por uma mistura intensa de emoções.
Deixei para trás a ilha de São Vicente, onde cresci rodeada pelo calor da cultura cabo-verdiana, pelos sorrisos familiares e pelas paisagens que guardo com tanto carinho no coração. Foi difícil despedir-me de tudo o que me era tão familiar: das ruas, dos cheiros, da música que toca alto nas esquinas e da brisa do mar que me acompanhava todos os dias.
Ao chegar ao aeroporto em Portugal, o momento mais marcante foi ver os meus pais à minha espera. O abraço que trocámos foi como um remédio para a saudade acumulada. Três anos
separados, três anos de chamadas, de mensagens e de lágrimas silenciosas. Estar novamente com eles foi como voltar a respirar fundo, depois de tanto tempo em estado de sonolência.
Apesar da alegria do reencontro, carrego comigo uma saudade
imensa do meu país. Sinto falta da leveza das pessoas, do crioulo
que escuto menos agora, da comida feita com amor e da alma vibrante de São Vicente. A imigração trouxe novas oportunidades, sim, mas também uma constante sensação de distância. É como se uma parte de mim tivesse ficado na ilha, à espera de um regresso que ainda não sei quando acontecerá.
Viver em Portugal é uma nova etapa da minha vida, mas Cabo Verde nunca deixará de ser o meu lar. A saudade, por mais que doa, também é prova de tudo o que amo e valorizo nas minhas raízes.
Estou a gostar muito de Portugal, o país é muito lindo e as pessoas muito recetivas. Em relação à minha experiência na escola, está a ser um pouco mais complicado por causa da matéria e da forma de ensinar que, obviamente, é diferente. A minha adaptação com a rotina de manhã também está a ser difícil, pois eu sempre estudei à tarde e tinha mais tempo para estudar de manhã, mas, tirando isso, está a ser uma experiência muito boa.
Tenho muitas saudades do meu país e da minha ilha e, principalmente, da minha avó, mas vou acostumar-me com tudo.
Geovana Aline Melo Delgado Turma: 11º C1
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