Deixei meu lar num canto do mundo,
onde o sol nascia com cheiro de café
e as vozes contavam, com sotaque profundo,
as histórias de onde a infância jamais arreda pé.
Cruzei oceanos com olhos molhados,
levando, na mala, memórias e sonhos calados,
em busca de abrigo, trabalho, esperança,
levando comigo a fé de criança.
Estranha no chão de ruas alheias,
aprendi novos nomes, novos jeitos,
enquanto o coração, entre pontes e veias,
seguia carregando antigos preceitos.
Nem sempre me quiseram por perto,
julgaram-me mal, olharam-me de lado,
mas plantei raízes onde era deserto
e flores nasceram do chão espezinhado.
Sou feita de mundos que se entrelaçaram,
de línguas diversas que me ensinaram
pois o lar não é onde tudo começa,
mas onde a alma encontra promessa.
Elisângela Semedo Moreira, 11º C1
Sem comentários:
Enviar um comentário